Lira e o impeachment de Bolsonaro
A palavra pode estar cada vez mais na na boca do povo, mas politicamente ainda está longe do horizonte
O presidente Jair Bolsonaro passou a última semana gerando desconforto em todos os outros poderes da República, seja o Judiciário, seja o Legislativo. Se você acredita que a imprensa é o quarto poder, o presidente gerou desconforto nela também. Nada de novo no front. Já vivemos muitas semanas assim.
Diante de mais essa semana tresloucada, é natural que inicie-se, novamente, a discussão do impeachment. O Jornal o Estado de S.Paulo escreveu neste domingo, 11: “Basta de ameaças às instituições da República e ao regime democrático que os brasileiros reconquistaram não sem grande sacrifício. O presidente Jair Bolsonaro não reúne mais as condições para permanecer no cargo”.
Da ameaça de que o país pode não ter eleição ano que vem até a acusação leviana de pedofilia contra um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro não deixou o país em paz um dia nos últimos sete dias, quando a média de mortos pela Covid-19 esteve em 1.296 pessoas, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
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Mesmo com o avanço das investigações da CPI da Pandemia, em especial no caso Covaxin, e a queda vertiginosa da popularidade nas pesquisas, Bolsonaro mantém um trunfo na mão: a proximidade com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e sua aliança com o Centrão, além de alguns outros setores da Casa, como a bancada evangélica.
A verdade é que um impeachment depende muito, mas muito mesmo, do presidente da Câmara. Foi o ex-presidente da Casa Rodrigo Maia que disse recentemente à Veja: “Na verdade, o poder do presidente da Câmara em relação a um impeachment é tão ilimitado que isso acaba dificultando as coisas”.
Não é bem assim, mas tudo bem. Va lá. O importante é: Maia tinha um pé na oposição e não abriu nenhum processo de impeachment. Lira, que é governista, abrirá? Até aqui, o Centrão não parece estar nem um pouco abalado com a queda de popularidade do presidente.
A sociedade brasileira lembra, até por ser tão recente, que a ex-presidente Dilma Rousseff começou a tombar quando perdeu o controle da Câmara dos Deputados. Bolsonaro segue firme com a Casa na mão. Portanto, um impeachment agora é quase impossível. A palavra pode estar cada vez mais na boca do povo, mas politicamente ainda está longe do horizonte.