Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
Continua após publicidade

Existem pessoas por trás da feia palavra ‘precatório’

Opção do governo de adiar e parcelar o pagamento dessas despesas impacta diretamente a vida de milhares de pessoas

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 ago 2021, 20h08 - Publicado em 19 ago 2021, 16h52

O governo federal tenta convencer o Congresso Nacional a dar andamento à PEC dos Precatórios, que adia e parcela o pagamento de dívidas incontestáveis da União já transitadas e julgadas. Com a condução do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, autoridades têm se reunido para construir um caminho de aprovação da proposta. Em troca, a equipe econômica promete ter margem fiscal para dobrar o valor do Bolsa Família – que será transformado em Auxílio Brasil.

É a política de dar com uma mão e tirar com a outra. Condicionar um necessário programa social ao calote nos precatórios coloca o país em um novo mar de incertezas, jogando o pagamento de dívidas – muitas delas milionárias – a um futuro sem data. O precatório é muito mais que somente um instituto jurídico. Há precatórios que tramitam na Justiça há décadas e milhares de pessoas aguardam os recursos, inclusive, para garantir a própria subsistência.

Uma delas é o ex-motorista de carreta Amaro Antônio da Silva, 63 anos, morador de Campo Alegre, em Alagoas. Amaro é um dos 19 mil credores de um dos maiores processos falimentares do Brasil – a Massa Falida da Usina Laginha, do Grupo João Lyra. A falência corre no Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas e o passivo já ultrapassa os R$ 3 bilhões.

O ex-motorista de carreta Amaro Antônio da Silva, 63 anos, morador de Campo Alegre, em Alagoas
O ex-motorista de carreta Amaro Antônio da Silva, 63 anos, morador de Campo Alegre, em Alagoas (Arquivo pessoal/Arquivo pessoal)

Diabético, Amaro precisou amputar as duas pernas entre 2018 e 2020. Dependente de cadeira de rodas e da ajuda da família para se locomover e se sustentar, Amaro carrega a esperança de uma vida melhor na distribuição de dois precatórios que somam mais de R$ 1,5 bilhão. “A gente tem o direito, trabalhou direitinho e hoje mal tem dinheiro para a farmácia”, lamenta o ex-trabalhador da Usina Laginha.

Continua após a publicidade

Aguardando reparação financeira há 13 anos, Amaro e o restante dos credores da Laginha dependem do pagamento de precatórios. O primeiro deles, de cerca de R$ 650 milhões, está depositado na conta da Massa Falida há mais de um ano, mas ainda não foi distribuído. A quantia é suficiente para o pagamento de todos os credores extraconcursais – que tem prioridade de pagamento segundo a Lei de Falências – e de parte dos concursais. Em 9 de junho deste ano, a 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) negou recurso da União e determinou a transferência do dinheiro para o juízo falimentar.

Já o segundo precatório chegou à conta da Laginha em julho deste ano, no valor de R$ 914 milhões – 55% pertencem a Laginha e 45% pertencem a fundos de investimentos. Os ativos são fruto de precatórios recebidos pela Usina Laginha por determinação do TRF1. O crédito é referente a ação impetrada pela Laginha nos anos 1990 contra a União que tem como base a Lei 4.870, que estipula ressarcimento de danos patrimoniais em virtude dos preços praticados pelo extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) para comercialização do açúcar e do álcool que estavam em desacordo com a legislação vigente a partir da safra de 1983/1984.

Em resposta ao blog, por meio da assessoria de imprensa, a presidência do TRF-1 confirmou o depósito dos precatórios em instituição financeira, entretanto, esclareceu que a competência para análise de transferência do valor depositado é do Juízo Federal da 9ª Vara do DF, que não retornou os contatos da reportagem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.