Decisão da Câmara condena prática bolsonarista que vai além de parlamentar
Relatora do caso Daniel Silveira, por exemplo, deu parecer favorável à manutenção da detenção do colega, que defendeu a destituição de ministros do STF
A decisão do plenário da Câmara dos Deputados, que manteve a prisão do deputado Daniel Silveira, condenou práticas bolsonaristas que vão além do parlamentar em questão. Foi um expurgo da pregação antidemocrática e do discurso de ódio. Uma defesa forte das instituições que estão sob ataque dos bolsonaristas e do próprio presidente Jair Bolsonaro.
O voto da deputada Magda Mofatto (PL-GO), por exemplo, favorável à manutenção da prisão de Silveira, defensor do Ato Institucional 5 (AI-5) e da destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou surpresa entre alguns analistas da política brasileira.
Ambos são apoiadores do presidente, que volta e meia declara sua simpatia pelo regime ditatorial e faz críticas ao STF, engrossando o coro contra a democracia.
Mesmo sendo da “base bolsonarista”, a relatora do caso não aprovou a conduta do colega, que apareceu em um vídeo fazendo apologia ao Ato Institucional. Pelo contrário, fez um voto com duras críticas à ação de Silveira.
“Meu voto é pela preservação da eficácia da decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes […] e confirmada à unanimidade pelo plenário do STF”, disse Mofatto, ao proferir seu voto nesta sexta, 19.
Sua conduta reforça que, apesar de alguns políticos tentarem com frequência retomar o tema da ditadura, e ameaçar as instituições democráticas, ainda pode haver bom senso entre os pares.