CPI: governo na defensiva
A inépcia dos primeiros movimentos impressiona. Governo que montou quartel-general na Casa Civil comete erros sequenciais
O governo está na defensiva na CPI da Covid-19, mas o que impressiona mesmo é a sucessão de erros estratégicos. O erro da ação da deputada Carla Zambelli para impedir a “eleição” do senador Renan Calheiros como relator da Comissão caiu por inépcia. Uma deputada chamando a Justiça para interferir numa decisão do Senado e mostrando desconhecimento mínimo do regimento. O relator, como se sabe, não é eleito. A decisão judicial nem chegou no presidente da CPI, senador Omar Aziz ( PDS-AM).
A tentativa de encontrar caminhos para blindar o ex-ministro Eduardo Pazuello acabou antes mesmo da instalação da CPI, com aquele passeio de Pazuello no Shopping flagrado pela fotógrafa Jaqueline Bastos. E pior foi a emenda ao soneto.
A assessoria do ex-ministro disse que ele foi ao shopping para comprar máscara, o que é uma mentira grosseira. O próprio general disse para a fotógrafa: “precisa comprar né? onde vende?”. Acreditar que um ex-ministro da Saúde não tenha máscara, nem alguém para comprar, ou adquirir online? É claramente uma mentira.
O governo perdeu a primeira batalha, que foi a judicial, e o senador Renan Calheiros será mesmo escolhido o relator. Perdeu o primeiro lance da batalha da comunicação também, com a lista feita pela Casa Civil com os 23 pontos que acabou mais parecendo uma confissão de culpa.
Nesta terça-feira, 27, restará ao governo a manobra de sempre, de tumultuar os trabalhos com falsas questões de ordem, e todo o tipo de artimanha regimental para atrasar os trabalhos. Os não governistas estão preparados.