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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Cenas que desnudam a elite brasileira

As duas brigas no Rio e em São Paulo, que viralizaram nas redes, mostram um retrato dos mais ricos do Brasil e os seus velhos defeitos

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 set 2020, 09h56 - Publicado em 29 set 2020, 13h53

O último fim de semana revelou mais uma vez a pior face da elite brasileira, seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Vídeos viralizaram mostrando brigas de rua, discussões, bate-bocas, agressividades, impaciência e arrogância.

O que se vê no vídeo de um restaurante em São Paulo é que a elite brasileira persiste em seus erros, por mais que o tempo passe. Um dos mais antigos defeitos é o “você sabe com quem está falando?”, que pressupõe uma superioridade classista incompatível com a vida democrática. A frase não foi dita, mas houve inúmeras traduções. ”Eu tenho berço”, “eu sou filho de médico”, “eu tenho educação europeia”, “eu tenho educação americana”, “já anotei a placa do seu Mercedes”.

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Um diálogo assim fala mais mal da aristocracia do que qualquer discurso que alguém da esquerda possa ter pensado. Há um detalhe: nos dois casos que viralizaram nas redes sociais, seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro, era possível ver pessoas sem máscaras, como se o país não estivesse vivendo a pior tragédia da saúde em 100 anos.

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Em relação ao caso da Dias Ferreira, de novo ninguém teve o comportamento adequado. As duas moças de biquíni no carro mostraram o que a sociedade carioca tem revelado: o desprezo pelas normas de conduta adequada num país em pandemia. Mas não foi isso que incomodou a mulher que estava no restaurante. O que a fez reagir foi a carícia entre duas mulheres, o que indica homofobia.

Acontece que ali naquele polígono do Leblon – como em outros lugares frequentados pela elite do Rio – o grande problema é como todos desprezam a saúde coletiva. Com seu comportamento de aglomeração e falta dos cuidados mínimos, trabalham para que o vírus se propague no país, que já amarga os piores patamares de infectados, mortos e vítimas da Covid-19.

Foram muitos os sociólogos e antropólogos que já estudaram exatamente esse comportamento da elite brasileira. Ele é que definiu o racismo estrutural no país. A ideia do “berço”, como sinônimo de status social, dá à pessoa uma superioridade de nascença – e licença para se portar da forma como quiser e quando quiser.

O que se viu naqueles ânimos exaltados é o retrato fiel do país que foi o último a abolir a escravidão, nasceu com a marca das donatarias, e tem sido desde sempre um dos campeões da desigualdade no mundo.

Ao fim e ao cabo, não é nem tão importante saber o motivo das brigas. Se houve uma demora no atendimento em um caso e, no outro, algum conservadorismo diante de beijos entre mulheres. O revelador é que, quando perdem os limites, os mais abastados mostram o que verdadeiramente são: classistas e autoritários.

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