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Matheus Leitão Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Bolsonaro faz manobra arriscada no momento mais perigoso da pandemia

Presidente tira ministro com alta aprovação quando a curva da doença está subindo, o que fará o peso cair sobre ele

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 set 2020, 12h05 - Publicado em 16 abr 2020, 18h59
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  • Ao anunciar Nelson Teich como novo ministro da Saúde, na tarde desta quinta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro parecia assustado. Escolhendo as palavras, tentou ressaltar que o divórcio com o agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta foi “consensual”. Bolsonaro talvez tenha entendido a manobra arriscada que faz ao trocar um ministro bem avaliado no momento em que a pandemia do coronavírus acelera.

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    Sendo bem claro: Bolsonaro poderá perder popularidade e o apoio político no Congresso Nacional com a demissão de Mandetta, especialmente se a virulência do novo coronavírus se confirmar no Brasil, assim como aconteceu em vários países ao redor do mundo. É o que pensam analistas ouvidos pela coluna.

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    O maior problema de ter a caneta na mão é que ela é acompanhada do ônus. Se partirmos do pressuposto de que a pandemia será a questão-chave das eleições de 2022, a saída de Mandetta e de seu time aumenta o desgaste da imagem do presidente. 

    Bolsonaro mostrou incapacidade de tomar decisões na crise ao perseguir um ministro que acertava e que ganhou a confiança da população. Ao se posicionar no pronunciamento em defesa da vida, Bolsonaro tenta reduzir o estrago que a pandemia já causou à sua imagem – 60% da população brasileira avalia negativamente o desempenho do presidente na crise do coronavírus.

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    Analistas políticos acham que ele ainda tinha 40% de avaliação positiva por causa da boa atuação de Mandetta. Mesmo hostilizando o ex-ministro, ele ainda o mantinha. E, afinal, Bolsonaro que escolheu Mandetta. Isso gerava dúvida, já que o ex-ministro, e suas ações contra o coronavírus, eram aprovados por mais de 70% da população. Hoje, o novo ministro quis deixar claro que será mais subserviente: “existe alinhamento completo entre mim e o presidente”.

    O presidente Jair Bolsonaro decidiu subverter radicalmente a máxima do futebol de que não se mexe em time que está ganhando (ou na peça da equipe que está funcionando). O mais estranho é que ele mexeu justamente porque estava vencendo. E de goleada. No meio da maior crise da saúde do Brasil, o ex-ministro Mandetta conseguiu a proeza de ser popular.

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    Da maneira como saiu de campo, Mandetta deixou o presidente com pouca opção de armar o jogo a sua maneira. O médico defendeu a ciência e o SUS, a medicina e os técnicos do Ministério da Saúde. O novo chefe da pasta, Nelson Teich, não poderá mudar o jogo sem ficar contra a ciência e o que a esmagadora maioria da população brasileira apoia: o isolamento horizontal. 

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    Foi por isso que Teich começou procurando palavras para dizer de outra forma a mesma coisa que o seu antecessor falava: isolamento, aumento do número de testes, saída com estratégia do distanciamento social.

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    É preciso lembrar que o pico da doença ainda não chegou no Brasil. Na semana passada, o país superou a marca dos mil mortos pela Covid-19, e, nesta quinta (16), já estava em quase 2.000. Na projeção de Mandetta, a contaminação deve disparar neste mês e continuar crescendo até junho, quando a curva da doença pode começar a desacelerar. E a população se lembrará que Mandetta, aquele aprovado por suas medidas, foi mandado embora no meio da luta mais importante das últimas décadas.

    Voltando à metáfora futebolística: Bolsonaro trocou o seu principal jogador entre o primeiro e o segundo tempo de uma partida decisiva. É a aposta política mais importante desde que  assumiu a presidência. Tão decisiva que será o ponto determinante para o futuro político do presidente. Contudo, o que mais importa neste momento é o risco à população – isso se houver mesmo alinhamento total entre o presidente e o novo ministro.

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