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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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“Árvore que não dá fruto não leva pedrada”, afirma Deltan Dallagnol

Criticado pela esquerda e pela direita, ex-coordenador da Lava Jato diz que cofres públicos vão receber mais R$ 10 bi da operação que, segundo ele, seguirá

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 set 2020, 14h48 - Publicado em 3 set 2020, 12h07

A Lava Jato ainda pode entregar aos cofres públicos R$ 10 bilhões, além dos R$ 4 bi que já conseguiu recuperar dos desvios da corrupção. Quem conta é o procurador Deltan Dallagnol, fazendo um balanço da operação em entrevista para a coluna. Esta semana deixou no ar a impressão de desmonte da força-tarefa. Saiu Deltan, que é o símbolo mais forte da operação em Curitiba, e, no braço em São Paulo, vários procuradores fizeram uma renúncia coletiva. Há um grande incômodo por parte deles em relação à coordenação do grupo na Procuradoria Geral da República (PGR), exercida por Lindôra Araújo –  indicada por Augusto Aras. O PGR já demonstrou que não gosta da operação que ele define como “lavajatismo”. Seria o fim da Lava Jato? Deltan acha que não.

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O agora ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba foi criticado à direita e à esquerda neste país tão marcado pela polarização. Perfil do presidente Jair Bolsonaro compartilhou críticas a ele dizendo que o procurador é “um esquerdista estilo PSOL”. Já o ex-presidente Lula entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele. “Árvore que não dá fruto não leva pedrada”, resume Deltan.

Em uma das atitudes polêmicas que tomou à frente da Lava Jato, Deltan Dallagnol cogitou a possibilidade de abrir uma fundação com o dinheiro recuperado na operação. Foi duramente criticado e desconsiderou a ideia. “Sete órgãos independentes reconheceram a legitimidade do acordo feito. Por outro lado, o acordo gerou polêmicas e hoje o desenharíamos junto com outras instituições para o fortalecer e evitar críticas. Tudo sempre pode ser aperfeiçoado e nessa jornada aprendemos muito”, afirmou à coluna.

Ao deixar a força-tarefa, o procurador expôs um fato doloroso que terá que enfrentar dedicando-se à terapia de sua filha caçula. “Essa decisão é o certo a fazer por minha família neste momento em que exige uma dedicação muito especial”, explica.

Com a saída de Deltan Dallagnol, que diz se sentir com o “dever cumprido”, fica uma dúvida: como ficarão aqueles que buscam o fim da Lava Jato e encontraram no procurador o alvo para conseguir desmontar a operação? A saída de Dallagnol, que era a “vidraça” da força-tarefa, pode mudar os planos de quem tenta encerrar uma operação que, mesmo que tenha cometido excessos, ficou conhecida mundialmente por escancarar os lados obscuros da corrupção brasileira. Leia abaixo os principais trechos da entrevista do procurador à coluna: 

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VEJA – O que vai acontecer com a Lava Jato agora? Quais são os próximos desafios?

Deltan Dallagnol – A Lava Jato segue firme com 400 investigações, acordos bilionários em negociação e novas frentes, mas fatores externos a ela podem impedir que a sociedade colha seus frutos.

VEJA – O senhor poderia ajudar em um balanço de quanto dinheiro voltou aos cofres públicos neste período que o senhor liderou a operação?

Deltan Dallagnol – Nestes seis anos, R$ 4,3 bilhões foram devolvidos para os cofres públicos por meio do nosso trabalho e há mais R$ 10 bilhões que devem ser devolvidos a partir de acordos já feitos. Foram 73 fases, 127 acusações, 573 acusados e 264 condenações envolvendo 166 pessoas. Cerca de 2.500 anos em penas aplicadas. Agora, isso é fruto do trabalho de uma imensa equipe que tive o privilégio de integrar.

VEJA – O senhor é a cara da Lava Jato. E apresentou uma rede de informações impressionante à opinião pública sobre como se formam as redes de corrupção. Dever cumprido?

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Deltan Dallagnol – Cumpri meu dever, mas a necessidade é maior. Há muito por fazer por todos nós que integramos o Ministério Público, por outras instituições e principalmente pelos cidadãos. Operações contra a corrupção precisam continuar, leis precisam ser melhoradas e novos retrocessos impedidos.

VEJA – O senhor tomou a controversa decisão de montar uma fundação, da qual recuou a tempo. Se arrepende?

Deltan Dallagnol – Sete órgãos independentes reconheceram a legitimidade do acordo feito, que permitiu no fim que mais de R$ 2 bilhões ficassem no Brasil: os 14 procuradores da força-tarefa, a Justiça Federal, o Tribunal da 4ª Região, a Câmara de Combate à Corrupção, o grupo de trabalho sobre acordos dessa Câmara, a Corregedoria do MPF e aquela do CNMP. Por outro lado, o acordo gerou polêmicas e hoje o desenharíamos junto com outras instituições para o fortalecer e evitar críticas. Tudo sempre pode ser aperfeiçoado e nessa jornada aprendemos muito.

VEJA – O senhor sai por uma forte decisão pessoal, criticado pela esquerda e atacado pela direita…

Deltan Dallagnol – Essa decisão é o certo a fazer por minha família neste momento em que exige uma dedicação muito especial. Tudo é sujeito a críticas e pode ser aperfeiçoado, mas acredito que os resultados inéditos no combate à corrupção que mencionei falam por si. Como diz o ditado, árvore que não dá fruto não leva pedrada.

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