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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Ala ideológica derruba maior especialista na Lei Rouanet

Odecir Praia da Costa foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Fomento Indireto após a entrada de Mário Frias na Secretaria Especial da Cultura

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jul 2020, 15h34 - Publicado em 16 jul 2020, 14h22

A ala ideológica continua se movimentando para fazer prevalecer seu entendimento dentro dos ministérios que compõem a estrutura do governo, em particular, a Secretaria Especial da Cultura. Um dos movimentos mais recentes aconteceu no início de julho e tirou da pasta um dos maiores especialistas na Lei Rouanet do país.

Odecir Luiz Prata da Costa, servidor desde 1988, foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Fomento Indireto, da Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura, no dia 1º de julho, dias após o ator Mário Frias assumir o cargo de secretário da Cultura no lugar de Regina Duarte.

Funcionários do órgão relataram à coluna que Odecir é o grande conhecedor da Lei Rouanet e teria sido retirado do cargo por ter pensamentos diferentes da ala ideológica do governo. O suposto posicionamento de esquerda do servidor teria sido o motivo para sua saída, mas especialistas da cultura afirmam que isso seria apenas uma desculpa para demiti-lo, pois sua atuação sempre foi técnica.

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Odecir era considerado braço-direito de José Paulo Soares Martins, que assumiu o comando da Secretaria da Cultura durante dois períodos. A primeira vez, quando Henrique Pires deixou o órgão, em agosto de 2019. E a segunda, com a exoneração de Roberto Alvim, em janeiro deste ano, após o fatídico vídeo com o discurso nazista, até a entrada de Regina Duarte para o cargo.

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A exoneração de Odecir Praia da Costa foi lamentada por quem conhece sua capacidade técnica. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, hoje deputado Federal (Cidadania), trabalhou com ele e afirmou que era “um dos melhores quadros técnicos” do então Ministério da Cultura.

Segundo o ex-ministro, que esteve no cargo em 2016, durante a gestão Temer, o servidor tinha não apenas uma capacidade operacional, mas também uma visão analítica, que contribuiu muito para avanços da Lei Rouanet no Congresso, por exemplo. “O que fica realmente é uma perda enorme para o mecanismo da lei, que vai deixar de contar com um especialista no assunto”, explica o deputado.

A Lei Rouanet é o principal mecanismo estatal de incentivo à cultura do país e foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores por anos.

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