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A coluna trata de desigualdade, com destaque para casos em que as prioridades na defesa dos mais ricos e mais fortes acabam abrigadas na legislação, na prática dos tribunais e nas tradições culturais
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Mortalidade por Covid será maior no Amazonas do que na Espanha e na Itália

Pobreza, desassistência e desemprego explicam a tempestade sanitária perfeita num estado que teve 150% de aumento nas mortes em casa desde 16 de março

Por Marcos Emílio Gomes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jun 2020, 14h31 - Publicado em 8 jun 2020, 17h50

Quem já enfrentou uma tormenta navegando em um pequeno regional no meio do Rio Negro tem uma boa ideia do que seja uma tempestade perfeita. Nos últimos meses, um fenômeno semelhante atinge todo estado do Amazonas, com uma capacidade de devastação inédita.

O resultado poderá levar a região praticamente ao topo do ranking mundial da Covid-19 dentro de pouco tempo. Há alguns dias, o Estado, considerado isoladamente do Brasil, encostou na Itália – que teve aquelas cenas dantescas vistas no mundo inteiro –, ao passar da casa de 50 mortes por 100 mil habitantes. Entre os italianos, o índice está em 56, e evolui agora lentamente.

Pelos números divulgados hoje, dia 8 de junho, com o total de 2.250 vítimas fatais, o Amazonas ultrapassa 54 óbitos por 100 mil habitantes, e está perto de bater também a mortalidade na Espanha, que há duas semanas freou a pandemia na casa de 58 mortos por 100 mil habitantes, no quinto lugar na classificação de mortos pela doença em relação à população.

Os primeiros colocados desse campeonato mórbido, segundo a contabilidade da Johns Hopkins University, são São Marino (124), Bélgica (84), Andorra (66) e Reino Unido (61).

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Ir ainda além desses números não é uma situação impossível para um estado em que se combinam pobreza, isolamento, desassistência e índices de desigualdade semelhantes aos dos países mais pobres do planeta.

Com a Covid-19, a segunda posição no quadro de estados com maior percentual de miseráveis no Brasil e uma situação racial discriminatória que deixa abaixo da linha da pobreza a imensa maioria dos índios, negros e pardos (que representam mais de 70% da população), o Amazonas oferece a atmosfera adequada para a tempestade sanitária tropical perfeita.

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Em Manaus, que a exemplo de outras capitais também teve manifestações no final de semana, as denúncias envolvendo casos de racismo aumentaram em torno de 15% ao longo de 2019, o que reflete uma população mais mobilizada, mas não indica mudança nenhuma no horizonte.

A capital tem também o maior índice de desemprego do país, segundo números do primeiro trimestre de 2020, e o estado alcança índice de informalidade que beira os 60% dos trabalhadores. Essa população não tem a menor possibilidade de cumprir distanciamento social, mas há outros detalhes que explicam a severidade da pandemia.

O estado tem, conforme números do Conselho Federal de Medicina divulgados em 2015, 463 leitos de UTI, nenhum deles no interior, de acordo com dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira apresentados no ano seguinte. Desses, 222 foram reservados para casos de Covid-19 e a taxa de ocupação já bateu algumas vezes nos 100%.

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Um levantamento publicado dia 7 de junho pelo portal da BBC News com base no Portal da Transparência dos Cartórios do Registro Civil revelou que os óbitos em domicílio contados no estado aumentaram 149% entre 16 de março e 30 de abril. Se nem chegaram aos hospitais, essas vítimas estão mortas também para as estatísticas. Os registros desses casos atestando Covid-19 representam 3% dos índices referentes a mortalidade hospitalar.

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