Porteira fechada em siglas do Centrão é sonho impossível para Bolsonaro
À frente de ministérios, PL, PP e Republicanos priorizam conveniências locais em negociação de palanques estaduais e se distanciam do presidente
O casamento de conveniências de Jair Bolsonaro com o Centrão garantiu ao presidente a sobrevivência no cargo em troca de emendas e espaços de poder, mas está longe de brindá-lo com alguma monogamia eleitoral para 2022, quando o capitão tentará a reeleição. Em nome de interesses eleitorais locais, PP, Republicanos e até o PL, sigla que pode receber a filiação de Bolsonaro, fazem da “porteira fechada” um sonho impossível ao presidente e devem subir a palanques de rivais do chefe do Palácio do Planalto.
O PL de Valdemar Costa Neto, que além da chance de ter Bolsonaro ocupa a Secretaria de Governo, com Flávia Arruda, já havia se comprometido a apoiar a candidatura do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), aliado do governador João Doria (PSDB), ponto central do impasse à entrada do presidente no partido. Bolsonaro vê Doria como um de seus maiores inimigos e quer ter um candidato para chamar de seu no maior colégio eleitoral do país. A sigla também é aliada do governador Renan Filho (MDB), de Alagoas, filho do senador Renan Calheiros (MDB), rival político do presidente, apoia o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e está longe do “bolsonarismo raiz” em Pernambuco.
No PP do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, há aliança duradoura com o PT na Bahia, proximidade com os petistas no Ceará e apoio ao governo Doria, que pode se estender a Rodrigo Garcia, além de costuras para integrar uma chapa que apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Pernambuco. Mesmo no Piauí, de Nogueira, nem todas as lideranças locais apoiam Bolsonaro, a exemplo da deputada Margarete Coelho, ainda ligada a Wellington Dias, de quem foi vice.
Dentro do Republicanos, que ocupa o Ministério da Cidadania, com João Roma, a sigla compõe as bases aliadas de Doria e dos governadores de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e do Maranhão, Flávio Dino (PSB), ambos próximos de Lula. Acostumado a comparar alianças políticas a “noivados” e “casamentos”, o presidente deverá, pelo jeito, se habituar ao relacionamento aberto com seus amores de ocasião.