Palocci admite, enfim, ser o ‘italiano’ da Odebrecht
Ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil disse a Sergio Moro acreditar que planilha criada por Marcelo Odebrecht se refere a ele
Em seu depoimento ao juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira, o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci deu uma prévia do que pretende revelar no acordo de delação premiada que negocia com o Ministério Público Federal. No figurino de candidato a delator, no entanto, não bastaria a ele relatar um “pacto de sangue” entre o ex-presidente Lula e o empreiteiro Emílio Odebrecht, que teria envolvido um “pacote de propinas” ao petista. Palocci também deixou de negar acusações contra si que há tempos refutava e assumiu a parte que lhe cabe na relação entre PT e Odebrecht, movida, segundo o próprio ex-ministro, a vantagens e dinheiro sujo.
Uma delas foi reconhecer ser ele o “Italiano”, nome usado por Marcelo Odebrecht para batizar a planilha que regia a conta-corrente recheada de propina mantida entre o partido e a empreiteira. Questionado pela procuradora Isabel Cristina Groba Vieira, Palocci ressaltou que os Odebrecht nunca o trataram pelo apelido e ponderou que e-mails com o codinome nem sempre diziam respeito a ele, mas, por fim, admitiu que a alcunha lhe diz respeito.
“O Marcelo nunca me chamou de italiano. Mas eu acho que essa planilha, quando ele coloca “italiano”, diz respeito a mim, sim. Ele nunca me chamou por esse nome, nem ele e nem o doutor Emílio, não sei por que ele escolheu essa alcunha. Tem vários e-mails que ele fala de italiano, Itália, que não diz respeito a mim, eu sei que não diz respeito a mim, pode dizer respeito a outras pessoas. Mas a planilha, acredito que sim, porque boa parte do que é tratado nessa planilha são assuntos que eu tratei com ele” assumiu o ex-ministro.