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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Os bastidores do dia em que o príncipe perdeu a vaga de vice de Bolsonaro

Na véspera do prazo final para confirmar companheiro de chapa no TSE, presidenciável mudou de ideia em razão de um suposto dossiê contra Orléans e Bragança

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 nov 2019, 15h55 - Publicado em 14 nov 2019, 14h06

Era sábado, dia 4 de agosto de 2018. Faltava apenas um dia para registrar a chapa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro passara os últimos pensando em quem seria o seu vice – o príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança, o general Hamilton Mourão ou a advogada Janaina Paschoal. Na manhã daquele dia, ele bateu o martelo pelo descendente da antiga família real brasileira que era próximo de seu filho Eduardo Bolsonaro.

O então faz-tudo da campanha Gustavo Bebianno se encarregou de registrar a chapa Bolsonaro – Luiz Philippe no sistema online do TSE. Bolsonaro, por sua vez, telefonou para Levy Fidelix, presidente do PRTB, partido de Mourão, para lhe avisar que o general não seria mais o seu vice. Na conversa, Fidelix se irritou por ter sido pego de surpresa e avisou que Bolsonaro iria enfrentar o militar na eleição – a ideia era montar uma chapa à presidência Mourão-Fidelix.

Até a noite, estava tudo certo. A papelada com as assinaturas de Bolsonaro e Luiz Philippe já havia sido enviada ao tribunal. Finalmente, a novela dos vice acabara – na ciranda dos que não foram escolhidos para compor a chapa presidencial, constavam o senador Magno Malta e o general Augusto Heleno, além de Janaina.

Por volta das 4 horas da manhã de domingo, Bebianno recebeu uma ligação de Bolsonaro dizendo que havia mudado de ideia. Que “um delegado da federal e um coronel do Exército” haviam lhe entregado um suposto dossiê com fotos do príncipe em uma orgia gay e numa festa de máscaras, além de informações que ele estaria envolvido em uma gangue que agredia moradores de rua – Luiz Philippe diz que todas essas informações são falsas, e até Bebianno duvida que o material seja verdadeiro. 

“É tanta maluquice que a gente tem assistido, que não me surpreenderia se o Jair tiver inventado toda essa história absurda, baixa, surreal, para trocar de vice na última hora”

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“É tanta maluquice que a gente tem assistido, que não me surpreenderia se o Jair tiver inventado toda essa história absurda, baixa, surreal, para trocar de vice na última hora”

Bolsonaro estava no Rio de Janeiro e se preparava para embarcar em São Paulo para a convenção do PSL no Clube Militar, na Zona Norte da capital paulista. Às 5 horas, também ligou para o então aliado Alexandre Frota contando-lhe a mesma história. “Se isso cair na imprensa, acabou minha campanha”, teria dito Bolsonaro. No fim, pediu o contato de Mourão.

Mourão recebeu a ligação e topou, mas disse que era preciso consultar antes Fidelix. Segundo pessoas próximas, o presidente do PRTB tem o costume de desligar o celular quando dorme, e foi uma saga conseguir contatá-lo. Um aliado precisou falar com o filho, conhecido como Levyzinho, que ligou para a mãe, que avisou o pai. Às 9 horas, Levy e Bolsonaro conversaram e combinaram de se encontrar na convenção do PRTB, no Esporte Clube Sírio, na Zona Sul de São Paulo. A decisão foi tão de última hora que não deu tempo de Levy registrar a coligação proporcional com o PSL, o que teria garantido ao seu partido pelo menos duas cadeiras na Câmara dos Deputados – a legenda não elegeu nenhum parlamentar.

Às 10 horas, Bolsonaro chegou com a sua comitiva para a convenção do PSL. O príncipe Luiz Philippe tentou abordá-lo na entrada, mas Bolsonaro se esquivou, conforme disse Bebianno. Quem estava no evento lembra que o príncipe estava “branco” e cercado de apoiadores com faixas e cartazes com o seu nome – esperavam provavelmente o anúncio dele como vice.

Por volta das 11 horas, numa sala vip no Clube Militar, Eduardo Bolsonaro confirmou a história do suposto dossiê e da orgia gay para Frota, que quis ver as fotos. Eduardo, então, lhe respondeu que só seu pai e Bebianno tinham recebido os arquivos – a VEJA Bebianno negou ter o material.

Em seguida, a comitiva do então candidato presidencial saiu em direção à convenção do PRTB. Os principais candidatos da sigla, Eduardo Bolsonaro, Joice Hasselmann, Alexandre Frota, acompanharam o grupo – uma ausência foi notada, a de Luiz Philippe.

Na convenção, Bolsonaro anunciou o nome de Mourão como vice. “No momento, eu deixo de ser capitão, o general Mourão deixa de ser general, nós passamos a ser a partir de agora soldados do nosso Brasil”, disse ele.

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