‘Onde estão as vacinas do povo brasileiro?’, pergunta Doria a Bolsonaro
Governador também rebate o ministro Eduardo Pazuello, que disse que a União pagou pela CoronaVac: Butantan e SP não receberam 'um único centavo’
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acompanhou, nesta terça-feira, 19, o início da vacinação em no Hospital de Base em São José do Rio Preto, interior do estado, e, durante uma entrevista coletiva, fez diversas críticas ao governo “negacionista” de Jair Bolsonaro e ao seu comportamento ao longo da pandemia. O tucano também perguntou, dirigindo-se ao Ministério da Saúde e ao presidente, “onde estão as vacinas do povo brasileiro?”.
“O mesmo governo que não trabalhou pelas vacinas escolheu uma vacina apenas. Nessa vacina colocou 1,9 bilhão de reais. Aliás, cabe aqui a pergunta: presidente Bolsonaro, Ministério da Saúde, onde estão as vacinas do povo brasileiro? Por que as únicas vacinas que vocês estão utilizando são as do Butantan de São Paulo?”, perguntou Doria, referindo-se aos 2 milhões de doses da AstraZeneca fornecidos pelo Instituto Serum, da Índia, que deveriam ter chegado na semana passada, mas atrasaram depois do país barrar o lote por estar priorizando vacinar a sua população.
O governador também citou as doses do consórcio da Organização Mundial de Saúde (OMS), do qual o Brasil participa, e a produção de vacinas da AstraZeneca/Oxford que serão produzidas em parceria com a Fiocruz. “Mais 1,5 bilhão de reais no consórcio Covax. Nada contra o Covax consórcio e muito menos contra a Fiocruz, pela qual temos enorme respeito, mas onde estão as vacinas?”, questionou novamente. “Quantas mais vacinas tivermos aprovadas pela Anvisa, disponibilizadas para o país todo, mais rapidamente estaremos vacinando os brasileiros”, acrescentou.
Sobre a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac e a a única vacina que está sendo usada para imunizar os brasileiros até agora, Doria disse que “ela é do Butantan, não é do Bolsonaro”. “Até porque um negacionista jamais adotaria uma vacina”, disse. O presidente chegou várias vezes a contestar a segurança e eficácia do imunizante.
A gestão do governo federal durante a crise do coronavírus foi alvo de mais críticas de Doria, que lembrou dos 6,38 milhões de testes contra a Covid-19 comprados pelo Ministério da Saúde que quase perderam o prazo de validade estocados em um depósito no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e a sua dificuldade em comprar insumos para imunização em massa. Atitudes de Bolsonaro como chamar quem segue as medidas de segurança contra a contaminação do vírus de “maricas” e “covardes” foram citadas pelo governador. “Chega, Bolsonaro. Chega de ser negacionista. Chega de desprezar o povo brasileiro”, pediu Doria.
Doria também rebateu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que afirmou em uma entrevista coletiva no domingo, 17, que o início da vacinação em São Paulo na segunda-feira era ilegal, uma vez que havia um acordo assinado por Doria repassando todas as doses da CoronaVac ao ministério. Ele também disse na ocasião que o governo federal investiu na produção do imunizante. “O general bradou ‘a vacina não é do Butantan, a vacina é nossa, nós compramos’ mas até hoje nem o Butantan nem o governo de São Paulo receberam um único centavo. Quem pagou a vacina do Butantan, que está vacinando brasileiros de todo o Brasil, foi São Paulo”.
O tucano fez nesta terça-feira uma turnê por cidades do interior de São Paulo para promover a vacinação contra a Covid-19. Além de São José do Rio Preto, ele esteve em Ribeirão Preto e Marília.