Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maquiavel Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Idealizador de vídeo divulgado por Mourão foi multado por trabalho escravo

Filmagem, que também foi divulgada pelo ministro Ricardo Salles, nega que haja queimadas na Amazônia, mas utiliza imagens feitas na Mata Atlântica

Por Redação
Atualizado em 10 set 2020, 13h56 - Publicado em 10 set 2020, 13h40

O vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, andam se estranhando no governo sobre verbas e políticas de preservação do patrimônio verde nacional, mas se tornaram sócios em um vexame público: ambos compartilharam em seus perfis no Twitter um vídeo que nega a existência de queimadas na Floresta Amazônica.  Só que a peça em tom de denúncia tem um problema básico: as imagens em questão são da Mata Atlântica. Outro ponto de enorme constrangimento: a filmagem, narrada em inglês, foi produzida pela Associação dos Criadores do Estado do Pará (Acripará), cujo presidente, Maurício Pompeia Fraga Filho, foi processado por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão em uma de suas fazendas.

ASSINE VEJA

Os riscos do auxílio emergencial Na edição da semana: a importância das reformas para a saúde da economia. E mais: os segredos da advogada que conviveu com Queiroz ()
Clique e Assine

Fraga Filho administra as fazendas do pai, Maurício Pompeia Fraga, que também foi citado na ação movida em 2018. Nos dias 28 e 29 de junho daquele ano, fiscais do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) constaram que um grupo de 30 trabalhadores, incluindo um adolescente, estavam sujeitos a “inúmeras situações degradantes” ao realizarem o transporte de gado numa jornada que deveria ser concluída em 120 dias e teve início numa propriedade dos fazendeiros.

Os fiscais listaram que os trabalhadores foram expostos a precárias condições de pernoite, alimentos e qualidade da água, para consumo e demais necessidades, à ausência de instalações sanitárias e de equipamentos de proteção individual; à ausência de anotação na CTPS, exame admissional ou orientações e treinamentos sobre os riscos das atividades desempenhadas; a jornadas exaustivas, com revezamento na vigilância noturna, e à ausência de folga semanal.

Continua após a publicidade

Os trabalhadores eram acompanhados por um homem identificado apenas como Epaminodas e que atuava como preposto dos fazendeiros. Era ele quem dava apoio à comitiva, fiscalizava o ritmo da marcha e as remunerações e capitalizava mortes dos bois, a fim de aplicar multas. Todos os animais eram identificados com as iniciais “MF”.

Ao longo do processo, os réus concordaram em pagar cerca de 1,5 milhão de reais para se livrar das acusações. O acordo previa 234 mil reais para verbas rescisórias, 85.860 reais de seguro-desemprego, 217 mil reais para reparação de danos morais individuais e 1 milhão de reais para reparação de danos morais coletivos. Esta última quantia foi destinada a uma entidade filantrópica da cidade de Altamira, no Pará.

O vídeo

A filmagem compartilhada pelas autoridades do governo federal declara falsamente que “a Amazônia não está queimando novamente”. A afirmação está em linha com o que o presidente Jair Bolsonaro vem alegando diante das ameaças de investidores boicotarem o Brasil caso a crise ambiental não seja controlada. Os dados preliminares divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que foi registrado um aumento de 34% na destruição do bioma entre agosto de 2019 e julho de 2020.

Continua após a publicidade

O vídeo também produz desinformação, com imagens que não foram filmadas na Amazônia. Uma das cenas mostra um mico-leão-dourado, mamífero que corre risco de extinção e que vive exclusivamente na Mata Atlântica.

O ministro Ricardo Salles ainda utilizou sua rede social para rebater uma declaração feita pelo ator Leonardo DiCaprio, eleito pelo governo Bolsonaro como um de seus principais inimigos na questão ambiental. DiCaprio fez uma postagem incentivando a saída de investidores do Brasil para fragilizar Bolsonaro. Salles, então, questionou se o ator iria aderir a um programa para financiar a preservação dos biomas.

“Caro Leonardo DiCaprio, o Brasil está lançando o ‘Adote Um Parque’, projeto de preservação que permite que você ou qualquer outra companhia ou indivíduo possa escolher um dos 132 parques da Amazônia e financiá-los diretamente ao custo de 10 euros pagos por hectare ao ano. Você irá colocar o seu dinheiro onde está sua boca?”, escreveu Salles. O ator não respondeu.

Continua após a publicidade

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.