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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Grupos bolsonaristas convocam protestos contra ‘parlamentarismo branco’

Movimentos de direita que já organizaram outros atos de rua a favor de Bolsonaro pregam apoio ao governo e ao General Heleno, que criticou o Congresso

Por André Siqueira 20 fev 2020, 17h27

Grupos de direita estão convocando protestos de rua para o dia 15 de março contra o que chamam de “parlamentarismo branco” e em defesa do governo Jair Bolsonaro. A mobilização ocorre após o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, um dos conselheiros mais próximos do presidente, afirmar que o Congresso estava chantageando o Executivo ao costurar um acordo para derrubar vetos presidenciais no chamado Orçamento impositivo, no qual a administração federal é obrigada a cumprir as emendas parlamentares.

O “parlamentarismo branco” é um termo geralmente utilizado quando, em um regime presidencialista, o Congresso se distancia do Executivo e impõe a sua própria agenda. Em um áudio vazado na terça-feira 18, foi possível ouvir Heleno afirmando: “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”, afirmou, na presença dos ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) – este último responsável pela articulação político do governo no Congresso. A declaração agravou a relação já conturbada de Bolsonaro com o Parlamento.

O próprio Guedes também criticou o orçamento impositivo, ao dizer que “essa ferocidade toda que nós observamos é em torno de 3% ou 4% do Orçamento, porque o resto todo tá carimbado (verbas que não podem ter a destinação alterada). Então, façamos as reformas, porque aí teremos 100% do Orçamento para discutir e construir, juntos, o futuro do Brasil”, afirmou. E completou: “Se o Orçamento impositivo for grande demais, fica parecendo que é um parlamentarismo branco. Avançaram sobre os poucos recursos que a administração pública do Executivo federal tem capacidade de exercer”, completou.

Nas redes sociais, os perfis do Movimento Brasil Conservador (MBC) e do Movimento Conservador divulgaram a convocação. “Dia 15 de março de 2020, manifestações em todo o Brasil. Pauta única: Em defesa do presidente Jair Messias Bolsonaro! Não aceitaremos a imposição de um “parlamentarismo branco” e tampouco manobras espúrias da esquerda”, diz a publicação do MBC, acompanhada da hashtag #SomosTodosBolsonaro, que, na tarde desta quinta-feira se tornou o assunto mais comentado do Twitter no Brasil, com quase 100 mil publicações. Também estão sendo utilizadas as hashtags #SomosTodosGenHeleno e #Dia15EuVou, que estão sendo compartilhadas por vários perfis populares da direita.

MBC 1
(Reprodução/Reprodução)
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O presidente do Movimento Conservador, Edson Salomão, também está convocando manifestantes para os atos. “Missão dada é missão cumprida! Dia 15 de março todos nas ruas”, diz o post. Salomão é um dos articuladores dos mutirões de coletas de assinaturas para o novo partido do presidente Jair Bolsonaro, o Aliança Pelo Brasil.

Manifestações de apoio ao governo Bolsonaro foram comuns no primeiro ano de gestão. Em alguns casos, ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF), além do tom saudosista em relação ao regime militar, integravam a pauta dos atos, mas esse tom beligerante contra as instituições sempre provocou distanciamento do governo – o próprio presidente da República chegou a aconselhar seus ministros a não participarem dos protestos.

Sem o apoio de grupos mais estruturados como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, que não participaram por discordar do tom contra as instituições, movimentos como o Brasil Conservador convocaram protestos no dia 26 de maio do ano passado que atingiram ao menos 154 cidades das 27 unidades da federação. Entre as principais palavras de ordem estavam o pedido pelo fechamento do Congresso e do STF.

Nas convocações para o próximo ato, os principais alvos das críticas são os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

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