FHC, Ciro, Maia, Boulos e Lula: as reações ao ataque de Bolsonaro a Dilma
Declaração do presidente exigindo raio-x de maxilar quebrado da ex-presidente durante sessão de tortura na ditadura foi condenada por várias lideranças
A declaração do presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira, 28, questionando a tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff durante a ditadura militar provocou condenações de segmentos variados do espectro político, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
“Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-x para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio-x”, afirmou o presidente. Não é a primeira vez que ele ataca Dilma nessa questão: ao votar pelo impeachment dela, ele homenageou o seu torturador, Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar.
“Minha solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Brincar com a tortura dela — ou de qualquer pessoa — é inaceitável. Concorde-se ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites”, escreveu FHC no Twitter.
Outro ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, também prestou solidariedade à companheira de partido. “O Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade a presidenta Dilma, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá”, escreveu.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também se manifestou, nesta terça-feira, 29. “Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado (o ex-prefeito Cesar Maia) e torturado pela ditadura. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana”.
Em gesto de aproximação política, o candidato de Maia à sucessão da Câmara, Baleia Rossi (MDB-SP), também prestou solidariedade à petista. “Não é sobre esquerda, centro ou direta. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Tortura nunca mais”, postou.
Ciro Gomes, que já foi aliado, mas se tornou crítico o petismo, também se manifestou. “Bolsonaro ataca Dilma por ser frouxo, corrupto e incapaz. Enquanto ela defende suas convicções, ele vende o país ao estrangeiro e, por sua irresponsabilidade, quase 200 mil brasileiros já perderam suas vidas”.
Lideranças do PSOL também criticaram Bolsonaro, como o deputado federal Marcelo Freixo (RJ) e o candidato a prefeito de São Paulo na última eleição, Guilherme Boulos. “A tortura é o ato mais abjeto e cruel que um ser humano é capaz. Bolsonaro representa justamente isso: as piores inclinações humanas. Minha solidariedade a Dilma”, afirmou Boulos.
Dilma
A ex-presidente, em nota oficial, também criticou Bolsonaro pela fala. “A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela Covid-19 que, aliás, se recusa a combater”.