Em entrevista anterior, FHC critica diálogos, mas defende sentença de Lula
Ao site JOTA, tucano afirmou que conversas entre Moro e Deltan foram ‘além do normal e do razoável’, mas ressaltou a consistência dos fatos contra o petista
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu uma entrevista ao site JOTA, especializado em cobertura jurídica, sobre os vazamentos de diálogos da Operação Lava Jato, nesta terça-feira 18, mesmo dia em que ele próprio apareceu em uma dessas conversas – nela, o então juiz Sergio Moro diz que seria ‘questionável’ investigar FHC e que isso iria ‘melindrar alguém cujo apoio é importante’.
Ao ser questionado pelos repórteres do JOTA sobre os vazamentos, FHC afirma que não é advogado, que tem dificuldade de avaliar, mas que a conversa entre Moro e Deltan Dallagnol foi “além do normal e do razoável”. “Seria melhor ter mais recato”, disse, para acrescentar na resposta seguinte: “A conversa, às vezes, pode ser perigosa”.
Ele também afirmou que, apesar dos conteúdos revelados até então – que mostram Moro e Deltan se articulando em relação ao processo envolvendo seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva -, era difícil dizer que havia uma perseguição da Lava Jato contra o petista. “Todos os partidos estão envolvidos e acusados, então é difícil sustentar que é uma perseguição contra o PT ou o Lula”.
O tucano disse, ainda, que o Supremo Tribunal Federal não deveria anular a condenação de Lula por Moro – o recurso do petista pedindo a suspeição do juiz deverá ser julgado no dia 25 de junho.
“O Lula, eu lamento, mas tem muitos processos e reiteradamente há fatos. Eu lamento, porque não tenho nenhuma satisfação de ver pessoa como Lula na cadeia. Mas se eu fosse juiz, ia julgar com os fatos. Mesmo que o Moro tenha se excedido, os fatos são vários. Não creio que o Supremo anule por causa disso”, disse.