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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Bolsonaro é um híbrido religioso, diz pastora que pediu impeachment

Pastora aponta habilidade do presidente em manipular a fé e unir evangélicos e católicos fundamentalistas na defesa da agenda de costumes

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 jul 2021, 23h12 - Publicado em 24 jul 2021, 10h42

“Com vocês, o messias que Deus ungiu, Jair Messias Bolsonaro”, anunciou o locutor ao apresentar o presidente da República num ato político em Chapecó, em junho. À medida em que a eleição de 2022 se aproxima e a sua popularidade vem caindo, Bolsonaro tem apostado cada vez na associação com símbolos e profecias religiosas e na visita semanal a cultos e missas. Não por menos ele ainda mantém o apoio da maioria dos pastores-donos dos mega templos do Brasil. Mas o discurso eleitoral misturado à fé também tem provocado incômodo em parte das lideranças religiosas.

Articuladora de um dos mais de 120 pedidos de impeachment contra o presidente, a pastora luterana Romi Bencke afirma que Bolsonaro, na verdade, é um tipo de “híbrido religioso” que sabe habilmente “manipular a fé” a seu favor. “Ele conseguiu juntar duas expressões do cristianismo que historicamente não têm experiências de diálogo, que são a base integralista do catolicismo e a base fundamentalista das igrejas evangélicas”, diz ela, que é secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).

Por meio desse “hibridismo”, Bolsonaro teria conseguido algo inédito na vida política do país – transitar bem entre os dois segmentos  ao se identificar como um católico, apesar de ter passado por um batismo evangélico em Israel. “Ele joga com o simbolismo do batismo, que representa uma espécie de passaporte para falar com um ou outro público”, explica ela. Segundo a pastora, o batismo de Bolsonaro não seria possível para um cidadão comum, uma vez que ele continua se declarando católico: “Não há da parte dele um compromisso confessional e doutrinário”.

Essa integração entre evangélicos e católicos também ocorre no Parlamento, onde as duas bancadas se uniram para defender o que chamam de “agenda de costumes”. Para a pastora, esse conjunto de pautas nada mais é do que “uma agenda funcional e não religiosa”.

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O pedido de impeachment assinado por Bencke e mais outros 380 líderes religiosos, entre católicos, luteranos, anglicanos, presbiterianos, batistas e metodistas, acusa o presidente de crime de responsabilidade na gestão da pandemia de Covid-19. “Como cristãos e cristãs entendemos ser nosso dever participar da luta pela promoção e defesa dos direitos humanos e contra qualquer tipo de opressão ou ação que tenha como resultado o adoecimento e a morte da população”, diz o texto.

Para o deputado e pastor neopentecostal Marco Feliciano (Rep-SP), um dos mais aguerridos defensores de Bolsonaro, o presidente tem o apoio da “maioria” do eleitorado evangélico, porque “cada vez mais corresponde às expectativas do povo cristão”. O deputado e pastor batista, Lincoln Portela (PL-MG), ex-presidente da bancada evangélica, vai na mesma linha: “Bolsonaro dá o valor devido às igrejas e reconhece a constribuição que elas dão ao país”.

Um dos principais estudiosos do fenômeno neopentecostal no país, o sociólogo e professor da USP Ricardo Mariano, avalia que a adesão de Bolsonaro à retórica evangélica é um passo a mais na aliança entre políticos e líderes religiosos, que também ocorreu em governos anteriores. “Bolsonaro defende, por convicção ou pragmatismo, pautas políticas semelhantes às das lideranças  ultraconservadoras: antigênero, antifeminista, anti-LGBT. Nos governos petistas, ministros identificados com igrejas não tinham porteira fechada para desenvolver as políticas das igrejas. Essa é a grande novidade. Pastores ocuparam a AGU, os ministérios da Educação, da Justiça, dos Direitos Humanos, para desempenhar a guerra cultural que estão travando, seja nas igrejas, nas redes sociais, no Parlamento por meio da bancada, e, agora, no STF”, diz ele.

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