Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

Voto impresso subiu no telhado (faz tempo)

Posição de 11 partidos contra a medida, envolvendo 326 votos na Câmara, é robusta. Bastam 205 votos para derrubar emendas constitucionais

Por Maílson da Nóbrega 27 jun 2021, 13h11

A proposta de emenda constitucional de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF) tem sido defendida insistentemente pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, a ideia é evitar uma fraude que elegeria Lula na corrida presidencial de 2022. A mudança seria parte, segundo muitos jornalistas e analistas políticos, da estratégia bolsonarista para, à moda de Donald Trump, não aceitar o veredicto das urnas, caso desfavorável ao presidente. Haveria um movimento como o da invasão do Capitólio, o Congresso americano, ou pior.

As chances de aprovação da proposta são baixas. Significaria um retrocesso no bem-sucedido voto eletrônico, que funciona ininterruptamente desde 1996 sem qualquer indício de fraude. Seu elevado grau de confiança é reconhecido no Brasil e no exterior. Entre as vantagens está a de ter eliminado conhecidos esquemas fraudulentos do passado.

O Congresso havia aprovado o voto impresso em 2009, mas a medida foi rejeitada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2013. Neste quarto de século do voto eletrônico, generalizou-se a percepção de sua segurança. Mais recentemente, diante da proposta Kicis, membros do STF, particularmente os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, têm-se dedicado a realçar as muitas inconveniências da impressão do voto, inclusive em sessões do Congresso. Acentuam vários defeitos da ideia: o custo, a violação do caráter secreto do voto, demora na votação e na apuração, e outros.

Se fosse aprovada, a medida dificilmente prosperaria. Primeiro, porque havia sinais de rejeição pelos parlamentares. Segundo, porque a maioria dos muitos dos ministros do STF que votaram contra a medida em 2013, continua no Supremo. Agora, surgiu uma terceira e talvez definitiva resistência. Presidentes de 11 partidos se posicionaram neste sábado, 26, contrariamente ao voto impresso, incluindo agremiações que integram a base parlamentar de Bolsonaro. Tais partidos perfazem 326 votos na Câmara, o que supera em muito os 205 necessários para barrar a emenda.

Continua após a publicidade

Claro, o presidente pode reverter essa tendência, utilizando recursos de poder como nomeações políticas e liberação de emendas ao Orçamento, o conhecido toma lá dá cá. É pouco provável, todavia, que ele consiga o apoio necessário de 308 votos de deputados para fazer passar a proposta na Câmara, por pelo menos duas razões. Primeira, será difícil aprovar a medida até o início de outubro em dois turnos de votação em cada Casa do Congresso. Depois disso, o voto impresso somente poderia ser adotado nas eleições municipais de 2024. Segunda, é provável que muitos segmentos da sociedade se articulem contra o voto impresso, o que exerceria pressão adicional sobre os parlamentares, além da proveniente de sua própria consciência.

Tudo indica, pois, que voto impresso já era.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.