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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Má articulação decorre de ausência de coalizão formal

Sem uma coalizão que assegure condições adequadas de governabilidade, Bolsonaro corre riscos de seguidas derrotas no Congresso

Por Maílson da Nóbrega 21 jun 2019, 14h30

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu nesta sexta-feira, 21, que há problemas na articulação política, mas decidiu resolver o problema mediante transferência da responsabilidade por esse encargo, da Casa Civil para a Secretaria de Governo. A decisão muda a deficiência de lugar, mas não ataca sua causa essencial.

A má articulação política deste governo se deve essencialmente à ausência de uma coalizão formal, que garanta condições adequadas de governabilidade a um presidente cujo partido político é minoritário na Câmara e no Senado.

Ocorre que Bolsonaro, desde a campanha eleitoral, equivocadamente associa coalizão a corrupção, ao chamado toma lá dá cá. É verdade que as coalizões dos governos petistas foram construídas com base em compra de votos (o mensalão) e franquia de empresas estatais, especialmente a Petrobras, para abastecer de recursos partidos da coalizão e membros do governo. Mas essa não foi a realidade em outros períodos.

Coalizões partidárias são uma necessidade em sistemas políticos multipartidários, em que o vencedor das eleições não consegue obter a maioria. É assim em todos os sistemas políticos nas democracias, inclusive nas mais maduras como as do Reino Unido, da Alemanha, da Bélgica e assim por diante.

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Esses arranjos fazem parte do jogo político. O chefe do governo compartilha o poder com os partidos da coalizão, os quais se comprometem a apoiar a agenda do governo e a defendê-lo no Congresso. No Brasil, o presidente dispõe de recursos políticos para atrair aliados e recompensar sua fidelidade: nomeações para cargos e liberação de emendas.

Como assinala o cientista político Sérgio Abranches, o presidente é o coordenador do jogo político. De sua ação pessoal depende a coordenação nas votações do Congresso e a agregação de preferências dos parlamentares, em benefício da aprovação de matérias de interesse do governo.

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Ao confundir coalizão com corrupção, Bolsonaro se expõe a derrotas no Congresso, pois não pode contar com o compromisso da maioria dos parlamentares, de pugnar pela aceitação de decretos que emite e de propostas de legislação que encaminha.

Ocasionalmente, o vácuo decorrente da renúncia do presidente em exercer o papel que lhe cabe pode ser preenchido por substitutos. Esse tem sido o caso do presidente da Câmara Rodrigo Maia. Essa substituição é, todavia, imperfeita, pois os líderes do Congresso não dispõem dos recursos de poder para conquistar votos e coordenar plenamente o trabalho dos parlamentares.

Bolsonaro decidiu ser um governo minoritário. Isso nunca deu certo no Brasil. No momento, felizmente, substitutos estão promovendo a articulação em torno da reforma da Previdência, que tem tudo para ser aprovada sem graves desidratações. Nada garante esse sucesso em outros projetos e propostas do governo.

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