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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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É cedo para dizer que o governo Temer acabou

Temer não está politicamente morto. Ironicamente, dado o risco de uma surpresa na eleição indireta, pode ser a saída menos ruim

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 30 Maio 2017, 10h48 - Publicado em 29 Maio 2017, 11h59

É quase unânime a afirmação de que Michel Temer estaria com os dias contados. Duraria poucas semanas em razão de renúncia ou do julgamento do TSE. Discute-se o nome do substituto ou a manutenção da equipe econômica. Não se considera a continuidade.

A lógica política diz, todavia que Temer não vai renunciar. Se o fizer, perderá os imensos recursos de poder da Presidência e o foro privilegiado. Ficará sujeito imediatamente a ordens para depor na PF ou à prisão preventiva. Lembremos que renúncia é um ato de vontade, unilateral. No seu caso, seria suicídio político. Não à toa, Temer já disse que a renúncia seria o reconhecimento de culpa. Pode até ocorrer, mas não é o cenário mais provável no momento.

Temer não tem, pois, incentivos para renunciar. Alvitra-se a cassação pelo TSE como saída honrosa. Ele não precisaria renunciar. Ocorre que o efeito seria o mesmo, isto é, despencar instantaneamente do planalto para a planície com todas as suas consequências.

O cenário de renúncia e eleição indireta pelo Congresso tem seus riscos. Não há como controlar o processo. O nome de consenso escolhido pelos líderes pode não ser o vencedor. Praticamente todos os cogitados têm suas fraquezas eleitorais.

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Tomemos, por hipótese, o nome de Nelson Jobim. Ele é sócio do BTG e visto por muitos como pessoa ligada a Lula. Jamais será uma unanimidade. Outro bem cotado, Tasso Jereissati, tem suas arestas. Pode enfrentar alta rejeição por ser candidato do PSDB.

Há o risco de uma candidatura avulsa conquistar o baixo clero. Severino Cavalcanti e Eduardo Cunha aliaram-se a esse grupo para derrotar a coalizão governante e ganhar a presidência da Câmara. Uniram rejeição aos escolhidos à oferta de mimos fisiológicos. Se acontecer algo parecido na eleição indireta, a emenda seria pior do que o soneto.

O impeachment seria uma saída traumática, mas Rodrigo Maia tende a arquivar todos os pedidos. Mesmo que seja forçado a abrir o processo, Temer mantém articulação suficiente para conseguir o mínimo de um terço dos votos. Getúlio Vargas, em plena crise do crime da Rua Toneleros, derrotou facilmente o pedido de impeachment apresentado pela UDN.

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As análises sobre a iminente saída de Temer parecem incorporar a ideia de que ele e seu grupo estão paralisados, esperando o desenrolar dos acontecimentos. Longe disso. Todos estão articulando a mil. Sabem operar o mercado político. Têm aliados na Câmara e no Judiciário. Não será surpresa um pedido de vista no julgamento do TSE. Caso consumada a cassação mais tarde, Temer por certo recorrerá ao STF. Haja demora.

O tempo corre a favor de Temer. Se conseguir, como é possível, aprovar a reforma trabalhista no Senado, ganhará fôlego para tentar a reforma da Previdência, ainda que mais descaracterizada do que agora. O mercado aceitaria. Enquanto isso, a economia se recupera, ainda que a ritmo mais lento do que o esperado, reforçando o seu capital político.

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Temer não está politicamente morto, embora a provável delação premiada de Rodrigo Loures possa complicar sua vida. Mesmo assim, poderá sobreviver à crise. Máxima ironia, dados os riscos da eleição indireta, sua enfraquecida permanência poderia ser a saída menos ruim.

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