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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Duas inverdades no discurso recente de Lula

Lula não herdou uma crise do governo FHC. Caso reeleito, suas propostas agravariam a crise atual, cujas origens remontam a erros dos governos do PT

Por Maílson da Nóbrega 28 nov 2017, 11h35

Lula autoelogiou-se recentemente ao afirmar que resolveu a crise supostamente herdada do governo FHC em 2003. E superestimou-se ao dizer que também poderia resolver a crise atual. Tratam-se de duas inverdades.

Lula não herdou uma crise de seu antecessor. Na realidade, a crise irrompida no segundo semestre de 2002 decorreu dele próprio. A causa foi a percepção de que poderia ganhar as eleições presidenciais, o que seria desastroso para o Brasil. O próprio título do programa do PT metia medo: “Uma ruptura necessária”. As propostas incluíam um programa fiscal suicida e sugeriam uma moratória da dívida externa.

Os mercados começaram a se acalmar com a divulgação da “Carta ao Povo Brasileiro”, em que Lula se comprometia a respeitar contratos, direitos de propriedade e acordos internacionais. Mesmo assim, as incertezas continuaram. O dólar alcançou R$ 4,00 em outubro de 2002.

As dúvidas se reduziram quando Antonio Palocci foi confirmado como ministro da Fazenda e Henrique Meirelles como presidente do Banco Central. A calmaria se acentuou com a divulgação dos nomes da equipe de Palocci, que incluíam, em cargos relevantes, Joaquim Levy e Marcos Lisboa. E completou-se quando o BC elevou substancialmente a taxa Selic em sua primeira reunião, removendo temores de uso político da taxa de juros.

Agora, se reeleito, Lula teria pela frente uma crise que, embora substancialmente moderada pelas ações de Michel Temer, foi inteiramente fabricada nos governos do PT. Sua origem são as ideias equivocadas postas em prática por Lula depois da saída de Palocci, agravadas pela heterodoxia de Dilma Rousseff.

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Se voltasse à Presidência, o que é pouco provável, Lula precisaria resolver a crise com medidas impopulares. A reforma da Previdência, mesmo que aprovada em versão desidratada, não será suficiente para viabilizar o cumprimento do teto de gastos. Será preciso também rever a vinculação de recursos em favor da educação e da saúde, bem como eliminar ou reduzir privilégios dos servidores públicos. Acontece que Lula tem prometido o contrário, isto é, revogar o teto de gastos e a reforma trabalhista. Isso aprofundaria a crise, em vez de domá-la.

Claro, se reeleito, Lula poderia renunciar a tais promessas e buscar a aprovação das reformas necessárias. Acontece que a perda de popularidade pela renúncia às suas ideias irresponsáveis dificultaria o relacionamento com o Congresso. E dificilmente Lula atrairia os talentos que no seu governo restauraram a confiança na política econômica.

Em resumo, a crise que Lula herdou em 2003 decorreu dele próprio. Agora, herdaria uma crise provocada pelo PT, que poderia agravar-se em lugar de ser resolvida.

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