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Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Como o setor público gera danos à imagem da Vale

O bloqueio de recursos, a prisão de engenheiros e intenção do governo de substituir a diretoria são injustificáveis e constituem um circo de horrores

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 30 jan 2019, 18h32 - Publicado em 30 jan 2019, 15h34

À margem da tragédia de Brumadinho, o Ministério Público, o Judiciário e agora o Poder Executivo se esmeram em causar danos à imagem da Vale, de seus empregados e de prestadores de serviço. Não defendo isentar-se a empresa de culpa pela catástrofe do rompimento da barragem, mas quero assinalar as barbaridades que vêm sendo cometidas.

Primeiro foi o bloqueio de R$ 11,8 bilhões de recursos da empresa, totalmente injustificado. A medida se impõe quando há fundadas suspeitas de fuga dos detentores do dinheiro para o exterior ou de sua dilapidação ou ocultamento. É assim no bloqueio de recursos de banqueiros cujos bancos sofrem intervenção do Banco Central. Não faz sentido no caso da Vale, seja porque ainda não há prova inequívoca de culpa pelo desastre, seja porque parte das indenizações tende a ser cobertas pelo seguro. Não consta que a empresa pretenda mudar-se do Brasil.

Ontem, assistiu-se à estarrecedora prisão de engenheiros da Vale e de empresas prestadoras de serviço. Dificilmente terá havido uma completa e cabal investigação ou prova quanto à sua participação no desmoronamento da barragem. O ato irresponsável se destinou, provavelmente, a agradar a opinião pública revoltada com a tragédia. Foi um julgamento sumário, típico dos tempos medievais e de ditaduras.

Ao mesmo tempo, o vice-presidente general Hamilton Mourão e o ministro-chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni anunciaram que o governo cogitava substituir a diretoria da Vale com base na chamada golden share. Tratou-se de ação impensada. Seus autores se deram conta de que a golden share confere ao governo apenas poderes como os de barrar a mudança de sua localização e denominação. Mas o estrago estava feito.

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A Vale fez um enorme esforço para eliminar a percepção dos investidores quanto ao risco de intervenção do governo, que de fato aconteceu com a presidente Dilma Rousseff, quando o seu presidente, Roger Agnelli, foi afastado pelo governo.

A escolha de seu atual presidente, Fabio Schvartsman, ocorreu de forma competitiva, com a participação de head hunter, e não pelo Bradesco ou pelo governo. A melhora da governança afastou os temores sobre intervenção na Vale, o que agora deve voltar a acontecer. A ação do atual governo é pior do que a anterior, pois, embora tenha desistido da tolice, a administração mostrou que gostaria de intervir, por certo para obter aplausos. Dilma o fez de forma sorrateira.

É uma pena que a sofreguidão e o populismo de órgãos do setor público, de quem se espera serenidade e prudência, estejam contribuindo para piorar a imagem da empresa, já gravemente abalada com o desastre de Brumadinho. A Vale e o Brasil merecem coisa melhor. Se houver prova de negligência, a empresa e seus executivos devem pagar por isso, mas fazê-lo antes de seguir o devido processo legal e agir serenamente é violar princípios básicos da vida civilizada.

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