Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

As ilusões de Bolsonaro sobre a recuperação pós-pandemia

A visão otimista do presidente sobre a situação da economia no período pós-coronavírus tende a ser desmentida pela realidade

Por Maílson da Nóbrega 18 Maio 2020, 11h58

O presidente Jair Bolsonaro tem uma visão rósea da recuperação da economia após vencida a pandemia da Covid-19. Para ele, em ato público neste domingo, no qual contrariou novamente as regras de isolamento social, o país sairá da crise mais forte. Talvez ele esteja influenciado por declarações do ministro da Economia, que prevê uma recuperação em V e tem dito que “o Brasil vai surpreender o mundo”.

Estudos já realizados por diferentes organizações não confirmam tais visões otimistas. Infelizmente, o país tende a sair da pandemia mais fragilizado economicamente, mais desigual e mais endividado. Projeções de desempenho do PIB estão sendo sistematicamente revistas para baixo. Já existem bancos e consultorias estimando queda superior a 7% em 2020. Dependendo da extensão da quarentena, é provável que a recuperação 2021 seja tênue.

O formato de recuperação previsto pelo ministro Paulo Guedes dificilmente se materializará. É pouco provável que se repita a situação da crise financeira de 2008, quando o PIB caiu muito e rapidamente, mas se recuperou na mesma intensidade, gerando a figura do V. O mais provável será uma recuperação em U, caracterizada por uma queda súbita da economia, enquanto a recuperação será demorada e incerta.

ASSINE VEJA

Covid-19: Amarga realidade As cenas de terror nos hospitais públicos brasileiros e as saídas possíveis para mitigar a crise. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

Não se pode descartar, adicionalmente, uma recuperação em W, qual seja aquela em que haverá uma segunda onda de contaminação pela Covid-19. Nesse caso, depois de cair muito no primeiro momento, a economia começa a recuperar-se, mas experimenta uma nova queda, seguida de uma recuperação. Se for assim, a queda do PIB pode chegar perto de 10% este ano.

Continua após a publicidade

Nesse contexto, perdas de produtividade decorrentes da crise deverão contribuir para uma redução do potencial de crescimento do país. A economia estará mais frágil e não mais forte, como prevê Bolsonaro. E não será pior graças ao desempenho do agronegócio, que vai colher uma safra recorde de grãos e tem aumentado suas exportações.

Quanto ao endividamento, a situação estará muito mais difícil no período pós-pandemia. A relação entre a dívida pública e o PIB, que era de 76% em 2019, pode terminar este ano em 90% ou mais. Se adotado o conceito do Fundo Monetário Internacional (FMI), que computa os títulos públicos federais na carteira do Banco Central, essa relação passará de 100% do PIB. Para comparar, no ano passado, a média desse indicador nos países emergentes era de 53%, aqui considerando a metodologia do FMI.

A visão otimista de Bolsonaro tenderá a ser desmentida pela realidade nos próximos meses. E será pior se ele continuar desafiando a ciência, lutando pelo fim do isolamento social e pregando a volta de todos ao trabalho. A aceleração dos casos de contaminação e mortes daí decorrente, inclusive pelo colapso dos serviços de saúde em todo o país, pioraria o ritmo de atividade econômica e da geração de emprego.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.