Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

A Vale está sendo condenada sem provas e sem julgamento

A Vale e seus diretores podem ter culpa pela catástrofe de Brumadinho, mas são inocentes até que perícias e um julgamento imparcial emitam o veredito justo

Por Maílson da Nóbrega 29 jan 2019, 10h05

A catástrofe decorrente do rompimento da barragem da Vale no município de Brumadinho, que todos lamentamos, tem levado grande parte da opinião pública, do Ministério Público, do Judiciário e da imprensa a condenar a empresa pelo que aconteceu. Exige-se punição exemplar de supostos culpados. A Justiça bloqueou quase R$ 12 bilhões da empresa antes de qualquer perícia.

Entre as conquistas mais importantes da civilização, impulsionadas pelas ideias do Iluminismo, estão as de que ninguém está acima da lei e de que todos terão direito a um julgamento justo e imparcial, baseado em provas colhidas de forma correta e independente. Ninguém poderá ser condenado em julgamentos sumários nem por desagradar os poderosos, como acontecia na era das trevas.

Reis podiam condenar à forca ou a morrer na fogueira os dissidentes ou os que cometessem ofensas consideradas como tais por nobres e monarcas. O rei da Inglaterra possuía um tribunal exclusivo para julgar as causas em que era parte, a Star Chamber. Tudo isso começou a mudar no século XVII, notadamente a partir da Revolução Gloriosa inglesa de 1688, pela qual a supremacia do poder foi transferida do rei para o Parlamento. O monarca perdeu o poder de demitir juízes. O Judiciário tornou-se independente.

Continua após a publicidade

Não se pode absolver a priori a empresa e seus dirigentes de negligência no monitoramento dos riscos de desabamento de suas barreiras. Tampouco se pode admitir, como está ocorrendo agora, inclusive nas redes sociais, que todos têm necessariamente culpa. É preciso averiguar as causas do desastre, realizar perícias e conduzir processos com isenção e eficácia. Só depois se pode culpar ou absolver.

A onda condenatória se espalhou país afora. Figuras públicas de quem se espera prudência e comedimento, exigiram a substituição da diretoria da empresa. O senador Renan Calheiros, de forma oportunista, pregou a medida nas redes sociais. O vice-presidente Hamilton Mourão anunciou que o governo examinava a medida. Depois, se desdisse. Seria melhor ter novatos à frente da empresa neste momento? Claro que não.

O governo, os parlamentares, os procuradores, os juízes e a imprensa não podem arvorar-se em paladinos dos que perderam entes queridos e patrimônio. Eles são merecedores da solidariedade e de adequado e suficiente reparo pelos danos, efetivos e morais. É preciso, todavia, evitar a sofreguidão e o populismo, bem como aguardar o andamento dos processos e o sereno julgamento da Justiça, que precisam ser rápidos e justos. Antes disso, condenar a Vale equivale a um retorno aos tempos medievais.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.