Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Maílson da Nóbrega Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

A economia brasileira decepcionou no terceiro trimestre

Ideia de que o Brasil surpreenderia o mundo, como diz o ministro da Economia, se frustra por causa de pandemia, clima e problemas estruturais da indústria

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 2 dez 2021, 10h31 - Publicado em 2 dez 2021, 09h13

Em termos dessazonalizados, o PIB do terceiro trimestre ficou próximo da estabilidade, caindo 0,1%, diferentemente do que prometia o governo. Os serviços foram o único setor a se expandir: 1,1%. A indústria ficou estável e a agropecuária recuou 8%. Na métrica anual, quando comparado com o mesmo trimestre de 2020, o incremento do PIB alcançou 5,7%. 

Os serviços se beneficiaram da abertura das atividades econômicas, permitida pelo avanço da vacinação. Os segmentos mais ligados a atividades presenciais foram favorecidos pelo arrefecimento das políticas de isolamento social e pela readaptação dos hábitos familiares. A maior expansão se deu no grupo denominado “outros serviços”, que compreendem basicamente hotéis, alojamento, restaurantes, cursos de idioma e turismo. Esse processo deve ter continuidade nos próximos meses, salvo se a nova variante Ômicron demandar novas medidas de restrição ao deslocamento de pessoas. 

O forte desempenho negativo da agropecuária está associado a dois fatores. Primeiro, a redução de animais para abate, o que ainda é reflexo das fortes exportações de carne para a China em 2019 e 2020, motivadas pelos efeitos da peste suína naquele país. Com isso, os preços dos bezerros experimentaram expressiva alta, o que levou muitos pecuaristas a preferir vendê-los, em vez da atividade de engorda. Por esta mesma razão, houve maior retenção de fêmeas, com o objetivo de obter maior quantidade de bezerros.  Em segundo lugar, esperava-se que essa situação se normalizasse em 2021, mas isso não aconteceu. O motivo foi a seca que atingiu as pastagens, associada à elevação dos custos de manutenção dos rebanhos. Neste caso, a razão foi o aumento de preços de farelo de soja e milho, causado pelo ciclo favorável de commodities agrícolas. O número de animais para abate caiu 2,9% em 2019 e 4,8% em 2020. Nos doze meses encerrados em junho, o último dado disponível, observou-se nova queda, de 4,4%.

Os resultados da indústria vêm decepcionando ao longo dos últimos meses. Na verdade, o setor já havia começado a exibir desempenho negativo em 2019. A expansão de 2020 e dos primeiros meses de 2021 se deveu a fatores temporários, derivados da pandemia. A queda do consumo de serviços acarretou a migração de consumidores para bens, particularmente os duráveis e para materiais de construção destinados a pequenas reformas, o que foi também impulsionado pelo auxílio emergencial. Assim, à medida que se torna possível a retomada dos serviços, a indústria volta à sua medíocre realidade. 

A indústria sofre, pois, com problemas estruturais decorrentes, fundamentalmente, do caótico sistema de tributação de consumo, das deficiências de operação da logística e da baixa qualidade da mão de obra, além dos efeitos da baixa exposição à competição externa. Mais recentemente, a indústria tem sido prejudicada pelo aumento dos custos oriundo da alta de preços da energia no mercado doméstico e da desorganização das cadeias mundiais de suprimento, provocada pela pandemia. Sem reformas, a indústria deve continuar a exibir os piores resultados da economia brasileira. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.