Documentário mostra que meninas são mais que princesas
Pesquisa mostrou que quase 80% das palavras utilizadas para elogiar meninas estão relacionadas à aparência, como linda e princesa
Meninas são chamadas desde cedo de princesas, lindas e bonitas, enquanto os garotos são vistos como corajosos, fortes e inteligentes. Por que meninas não podem ser inteligentes, jogar bola e brincar de carrinho? Por que garotos não podem chorar e brincar de boneca?
Para questionar o peso do rótulo no desenvolvimento de crianças e jovens, a Avon lançou o documentário Repense o Elogio, dirigido por Estela Renner, diretora de O Começo da Vida.
Adolescentes ouvidos no documentário afirmam que os rótulos pesam muito na sua formação. O elogio de princesa, por exemplo, só se encaixa para meninas de um determinado padrão físico. De acordo com as próprias meninas, princesa é uma pessoa “bonita, clarinha, de olho azul e cabelo liso”. As que não se encaixam nesse estereótipo não se sentem bonitas. “Eu nunca ouvi um elogio de princesa, além da minha mãe, porque ser negro para a sociedade é feio. Eu, que tenho o cabelo crespo e traços mais grossos, nunca fui a princesa”, diz uma jovem.
Por outro lado, o elogio de princesa tem o lado perverso de diminuir outras qualidades, como inteligência, força e coragem. No documentário, um garotinho afirma que princesas não têm coragem. Em seguida, emenda que menina lava a louça enquanto menino salva as pessoas. Questionada se preferia ser princesa ou inteligente, a irmãzinha responde: princesa inteligente.
Os garotos também se ressentem de não ser elogiados por atributos emocionais. ‘Um elogio que eu senti muito falta de ouvir quando cresci foi de me chamarem de sensível’, diz um adolescente.
O ponto de partida para o documentário foi uma pesquisa on-line realizada em várias regiões do país para checar quais adjetivos eram os mais lembrados na hora de elogiar os dois sexos. O levantamento mostrou que quase 80% das palavras utilizadas para elogiar meninas estão relacionadas à aparência. Para os meninos, 70% referem-se a atributos como esperteza, inteligência e coragem.
“Iniciamos o projeto para falar dos elogios e da importância que eles têm na infância, mas rapidamente concluímos que estávamos falando de algo muito mais complexo, pois o elogio é só mais um traço de uma cultura que reforça estereótipos”, conta Estela Renner.
O documentário está disponível no YouTube: