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Bizarras coincidências com governo Lula

Assim como o ex-líder sindical se aliou a Maluf, veterano da ditadura, partidos que acabam de assumir o governo da Itália são opostos. E cancelam promessas.

Por Lillian Witte Fibe Atualizado em 11 jun 2018, 14h44 - Publicado em 11 jun 2018, 09h49

Enquanto só os votos brancos e nulos ganham de Bolsonaro, que segue líder nas pesquisas eleitorais (confirmado pelo DataFolha deste fim de semana), enquanto o Brasil se prepara para torcer pela revanche na Copa de Moscou, e enquanto a Polícia Federal segue investigando o presidente Temer, este blog entra num intervalo de duas semanas.
Vim fazer um bate e volta de duas semanas na Itália, onde o governo (parlamentarista) que acaba de assumir em muito me lembra o do ex-presidente Lula (presidencialismo de coalizão), que um ano depois de ser eleito pela primeira vez, recebeu de braços abertos em sua base aliada o PP de Paulo Maluf, até então seu arqui inimigo da extrema direita.
Na Itália, o centro perdeu as eleições parlamentares e ficou fora do novo gabinete.
Os dois partidos que mais votos tiveram nasceram de ideologias diametralmente opostas, se apresentaram como alternativa ao establishment, e suas propostas de campanha, uma à esquerda e outra à direita, eram as mais extremas oferecidas aos italianos.
Sozinho, nenhum deles conseguiria governar.
Resultado: depois de meses sem chefe de Estado, formou-se uma inédita coalizão entre dois líderes que defendem ideias completamente diferentes.
Assim como o PT, o partido que representa a esquerda italiana quer gastar mais com bem estar social e voltar a aumentar a idade mínima para aposentadoria.
Assim como o PP de Maluf, o partido que representa a direita radical defende as empresas e a redução dos impostos corporativos. Donald Trump, dos Estados Unidos, é a inspiração dessa ala que faz sucesso em boa parte da Europa com um discurso nacionalista, anti-globalização e principalmente contra os imigrantes
Nenhuma das plataformas faz sentido diante do deficitário estado em que se encontram as contas públicas da Itália.
Com uma dívida gigante, muitos desempregados e um crescimento mínimo, a terceira maior economia do euro não tem de onde tirar dinheiro para gastar mais com os pobres. Pelos mesmos motivos, não pode nem pensar em abrir mão de qualquer arrecadação tributária.
As consequências de maior rombo nas contas públicas seriam a deterioração dos indicadores sociais, e não o contrário.
O fato é que os dois partidos que hoje governam a Itália se elegeram defendendo a saída da moeda única.
E já mudaram de ideia.
Neste fim de semana, o novo ministro da Fazenda descartou em 100% a possibilidade de abandonar o euro.
E os mercados amanheceram nesta segunda-feira aliviados. Já caem os juros cobrados para rolar as dívidas de empresas e governo italianos.
Lula, em 2002, e também para a surpresa de todos, optou por uma política econômica ortodoxa. Cercou-se de um ministro da Fazenda (Antonio Palocci, que, como ele, também está preso) e de um presidente do Banco Central (Henrique Meirelles, hoje candidato com chance zero de virar presidente) que acreditavam que 2 + 2 ainda são quatro.
Em seguida, e passado apenas um ano de seu primeiro mandato, recebeu de braços abertos em sua base aliada o PP de Paulo Maluf (hoje em prisão domiciliar).
Assim, o partido da estrela vermelha, que tinha nascido do sindicalismo e simbolizava a esquerda, se tornava, de repente, amigo do que de mais à direita o Brasil tinha a oferecer em seus quadros políticos.
Uma vez na base aliada (para onde foi em 2003), o PP ganhou, logo no ano seguinte, a diretoria de abastecimento da Petrobras, com a indicação de Paulo Roberto Costa – que, mais de dez anos depois, viria a ser o famoso primeiro delator da Lava Jato.
E assim seguem os políticos.
Elegendo-se com uma plataforma tantas e tantas vezes renegada logo depois da posse.
Se isso vai servir ou não de lição ao eleitor brasileiro, neste nevrálgico ano de 2018, saberemos no começo de outubro.
Em julho estou de volta a este blog.
Ou em qualquer momento em edição extraordinária, lógico!
(E o Trump neste fim de semana na reunião do G7no Canadá, hein? Quase conseguiu tirar do sério Angela Merkel, a primeira-ministra alemã, mulher mais poderosa do mundo e quase sempre impassível. Vamos ver como se sai hoje o presidente dos Estados Unidos no histórico encontro com o ditador da Coreia do Norte em Singapura.)


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