O colírio da cachorra
Exemplo vívido e prático de genuína deflação no orçamento doméstico agrava as discrepâncias na ponta do crédito.
De tão rara, a gente até assusta quando se depara com deflação dentro de casa.
Eis um exemplo vívido.
Há um ano, um dos 4 colírios de uso diário da minha cachorra custava R$ 45,55.
É meramente um umidificador.
A lágrima num frasco de 15 ml.
Preço que paguei ontem: R$ 28,53.
É deflação de 40% em 12 meses.
É ou não é notícia?
Tem mais.
A oscilação de outro colírio de que ela também precisa é ainda mais absurda.
Só que, nesse caso, o que salta aos olhos é a diferença de preço entre o remédio “de marca”, ou comercial, e o genérico.
Há 20 dias, meu marido comprou na farmácia: por 5 ml, pagou R$ 60,81.
Ontem, fui eu às compras, pela internet.
O genérico do mesmíssimo princípio ativo, idêntica quantidade, custou R$ 24,34.
Frete grátis.
Em 3 vezes sem juro no cartão.
Fico imaginando o que acontece com as finanças pessoais de quem não se atenta para detalhes como esses e, ainda por cima, cai na arapuca do rotativo do cartão de crédito que, segundo os dados mais recentes do Banco Central, está em torno de 330% ao ano.
Bem, se você não entende tamanha discrepância entre queda ou estabilidade de preços na ponta do consumo e juros de mais de 300% lá nos bancos, muito menos eu.
Para nosso mútuo consolo, suspeito que seja algo incompreensível.
Há décadas, pergunto a ministros, PHDs e banqueiros por que isso acontece no Brasil e só no Brasil.
Todo mundo sempre deu respostas pra lá de enroladas, e jamais explicou, tampouco justificou.
Meu ponto: vivemos tempos loucos.
A distração pode sair cara.
E as ofertas do absurdo abundam.