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Emma, Gabriela e Stephany

A certeza da adolescente americana - “estamos marchando também em direção às urnas” - é preciosa e tem tudo pra viralizar entre nossos jovens eleitores.

Por Lillian Witte Fibe 26 fev 2018, 12h14

A entrevista ao vivo, sexta à noite, na CNN, da estudante que, do dia pra noite, passou a liderar o movimento contra as armas na Flórida me encheu de esperança.
Emma González, 17 anos, cabeça raspada, olhos grandes vivíssimos, havia despontado nas manchetes mundiais poucos dias antes, com um furioso discurso, previamente escrito, contra a poderosa NRA, a associação que representa a indústria do setor, e que doa milhões às campanhas eleitorais.
Mas vê-la responder às perguntas do âncora de têmporas grisalhas sobre as medidas que o governador do estado acabara de anunciar para começar a coibir o uso de armas foi uma surpresa.
Diante da perplexidade mundial com a sugestão do presidente da República sobre armar professores (e, portanto, vender mais armas, contra o clamor popular), a Flórida se mexe em âmbito estadual.
Pois a líder do movimento deflagrado depois do horroroso massacre da semana passada fala melhor que muitos senadores, analistas, professores ou intelectuais.
Sem floreios, sem mídia training.
E avisou: não estamos marchando apenas contra as armas, estamos marchando também em direção às urnas em novembro.
Bingo!
Aqui, temos, nós, encontro marcado com as urnas na eleição mais importante dos últimos 30 anos.
Uma legião de jovens que não tinha nascido ou que mal tomou conhecimento, pelos livros de história, da escuridão que foi a ditadura, do movimento das diretas já, ou do confisco do Collor, mas sabe muito bem o que é guerra no Rio ou do que se trata a Lava Jato, é – precisa ser – a nossa esperança.
A adolescente americana, assim como tantos sobreviventes de famílias brasileiras dizimadas por pistolas e fuzis, mostrou que sua geração não se entrega ao desalento.
Desalento que, como soubemos na sexta-feira, se abate sobre 4,3 milhões de brasileiros, de acordo com pesquisa do IBGE sobre um mercado de trabalho que não decola depois da pior recessão de nossa história.
Muito se fala sobre a geração “nem nem”, a dos jovens que nem trabalham nem estudam, parcela da população mundial que engordou depois da grande recessão de 2008, a pior desde a depressão dos anos 30.
Pois é nos Estados Unidos, embrião da quebradeira internacional de 10 anos atrás, que vemos surgir esse ícone de esperança, a menina que dá um show de representatividade.
Ao vê-la, lembrei da enfática confiança que dois brasileiros octogenários depositaram recentemente na juventude brasileira. A professora Maria da Conceição Tavares e Jô Soares creem que caberá a essa geração a tarefa de melhorar um país sucateado pela corrupção.
Lembrei também da diferença geracional que se sobressai entre os magistrados que vêm se pronunciando sobre os crimes de colarinho branco.
Parece que, nos tribunais superiores de Brasília, prevalece, entre os juízes sêniores, uma tolerância (ok, às vezes inação, talvez até mesmo protelação) diante dos casos de corrupção.
O contrário do que temos visto – em casos pontuais, é verdade – nas primeiras e segundas instâncias do Paraná, do Rio de Janeiro, do Distrito Federal, de Mato Grosso ou do Rio Grande do Sul, onde os juízes são mais jovens.
É óbvio, mas não desimportante, levarmos em conta a enorme vantagem da juventude em relação a seus pais: são craques em redes sociais.
Pena, realmente uma pena, que não tenhamos mais bancos escolares e mais professores bem treinados, como vemos, por exemplo, na pujante Coreia do Sul (em tempo: lá, presidente acusada de corrupção sofreu impeachment e foi presa, e o presidente do maior conglomerado industrial amargou mais de ano atrás das grades pelo mesmo motivo).
Apesar do déficit educacional, apesar da difícil realidade nacional, essa enérgica garotada, com os instrumentos de que dispõe, vai melhorar o Brasil.
Que o exemplo da adolescente americana, surgido de uma tragédia, contamine o hemisfério sul em 2018.
Ou melhor, que viralize por aqui, no melhor sentido da palavra, e ganhe proporções epidêmicas.
Quem quiser conferir os vídeos de Emma a que me refiro, pode vê-los aqui. Ela vai te impressionar mesmo que você não entenda inglês. Dispensam legendas.
Da entrevista de sexta:
https://www.facebook.com/cnn/videos/10158014937631509/
https://www.snappytv.com/tc/7204924/4934250
E o discurso, com transcrição na íntegra. Também na CNN:
https://edition.cnn.com/2018/02/17/us/florida-student-emma-gonzalez-speech/index.html
GABRIELA, 9 anos
Ainda estupefata com a força de Emma, vejo o que Gabriela fez para conseguir ir até a escola em Guaratiba, um dos dez bairros mais pobres do Rio de Janeiro, na sexta-feira, depois das enchentes do fim da semana passada:
“Gabriela Ribeiro, de 9 anos, teve de pular três poças d’água para entrar seca na sala de aula. Apesar do sacrifício, a menina não desiste: “Eu gosto de ir para a escola. Quero ter um futuro melhor, morar em um lugar melhor. https://m.oglobo.globo.com/rio/foto-em-rua-alagada-viraliza-estudante-nao-desiste-de-ir-escola-22428902
STEPHANY, 9 anos
E Stephany, então? Incrível o que ela fez para conseguir chamar resgate em mais um horroroso acidente que feriu 13 numa van escolar.
Também na sexta, 23 de fevereiro, numa área rural no sul de Minas Gerais:
“Stephany, uma garota de apenas 9 anos, conseguiu sair do veículo, subir os 20 metros do barranco e caminhar até a pousada mais próxima, que fica a 4 km de distância. Lá, ela encontrou um médico e um bombeiro, que foram os primeiros a colaborar no resgate.”
https://veja.abril.com.br/brasil/menina-de-9-anos-caminha-4km-para-pedir-ajuda-apos-acidente-em-mg/

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