Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Lillian Witte Fibe Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Política, economia e outros temas do momento. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

É o juro, estúpido!

Nem se fosse mágico o presidente do Banco Central faria 1 carta coerente sobre inflação baixa demais a um governo irresponsável no trato da política fiscal.

Por Lillian Witte Fibe 10 jan 2018, 13h59

Juro de mais de 350% no cartão de crédito em ambiente de inflação abaixo de 3%, e 12,6 milhões de desempregados: nem se fosse mágico, Ilan Goldfajn, escolhido hoje o melhor banqueiro central do mundo pela revista The Banker, se livraria da inusitada tarefa de mandar uma carta ao ministro da Fazenda para justificar a inflação abaixo da meta.
Agora é oficial. A inflação perseguida, e pela qual o Banco Central é responsável, deveria ter ficado em 3%, no mínimo, em 2017.
Deu 2,95%, conforme anúncio também hoje do IBGE.
Em primeiro lugar, a queda da taxa básica de juros comandada por Ilan foi nominal.
A Selic estava em 14,25% no fim de 2015, e hoje está em 7%.
Só que a inflação caiu mais. De 10,67% em 2015, para os 2,95% de agora.
Pior: só mesmo no Brasil para convivermos com juros de mais de 350% na ponta do crédito (rotativo do cartão) quando a inflação está em um dígito e a economia, anêmica.
Muito se tem falado que a inflação baixou demais porque os alimentos, menos responsivos ao movimento dos juros, caíram muito devido ao comportamento do mercado internacional bla bla bla.
Ok, esse fator contribuiu para o IPCA menor, mas, sozinho, não teria nem feito cócegas nos índices finais.
Outra razão para o Banco Central ter “falhado” no cumprimento da meta: a renúncia fiscal no país dos privilégios.
A Receita Federal estima que vai deixar de arrecadar mais de R$ 280 bilhões em 2018, tantos são os subsídios, isenções fiscais, perdões ou renegociações de dívidas e outras tantas vantagens tributárias distribuídas aqui e ali por um governo que segue sendo irresponsável na gestão das contas públicas.
Assim, o Planalto joga pro alto, como se não fosse com ele, um dos 3 pés que precisam ser mantidos firmes no chão para a estabilidade econômica de uma nação: o fiscal, isto é, o controle das despesas versus as receitas.
Os outros dois são o câmbio (hoje sossegado porque o mundo nada em enorme quantidade de dinheiro, parte dela jorrando para o Brasil = leiam-se enormes reservas em dólar) e o monetário (que, sim, compete a Ilan Goldfajn).
Uma jabuticaba, em particular, vem a ser uma enorme pedra no caminho do Banco Central, em sua inglória tarefa de zelar sozinho pela moeda. Ela pertence a esse pé fiscal que o governo insiste em desafiar, e atende pelo nome de concentração do crédito em bancos oficiais (BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil).
Ainda que os bancos privados tivessem acompanhado a queda (só nominal) da Selic na ponta do crédito (o que não fizeram), sabe-se que eles respondem, hoje, pela metade dos empréstimos no Brasil.
Instituições financeiras oficiais, com sua peculiar distribuição de dinheiro do público a empresas “amigas”, respondem por outra metade.
A bagunça segue solta.
A inflação ficou abaixo da meta porque o governo não fez a parte dele.
E porque os juros, tanto os nominais quanto os reais, continuam na estratosfera, estúpido!

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.