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Obesidade é doença. O que temos de novo?

Novos dados mostram que 19% da população brasileira tem obesidade e 54% está acima do peso. No mundo, são 700 milhões de pessoas tem IMC elevado

Por Claudia Cozer Kalil
23 set 2019, 17h00

No último Congresso Europeu de Obesidade em Glasgow, na Escócia, especialistas do mundo inteiro debateram sobre os novos cursos da doença e estratégias para seu controle. Infelizmente, números alarmantes e poucas novidades na prática diária! Para uma doença que atinge 19% dos brasileiros (54% estão acima do peso) e 700 milhões de indivíduos no mundo inteiro, existem poucos medicamentos disponíveis e ainda o agravante de ser uma doença causada pela interação de inúmeros fatores, o que dificulta o surgimento de uma “medicação ideal”.

O ganho de peso se inicia a partir de um desequilíbrio dos estímulos ambientais (alimentação inadequada ou hipercalórica, baixa atividade física, stress, poucas horas de sono), fatores hormonais produzidos pelas células do trato gastrointestinal (GLP1, grelina, leptina, insulina, dentre outros), fatores hormonais cerebrais (serotonina, dopamina, noradrenalina, gabapentina), influências genéticas e psicológicas. 

Todos esses sistemas se intercomunicam para regular os mecanismos da fome, da saciedade, da compulsão alimentar, as preferências individuais, o metabolismo, a queima calórica e o armazenamento de gordura. As pesquisas mais recentes ainda mostram mais um novo vilão que vem se associando aos fatores já conhecidos: as substâncias obesogênicas. 

Esses compostos químicos estão envolvidos no ganho de peso por estimular o acúmulo de gordura corporal (lipogênese) e alterar a homeostase apetite/saciedade. Os obesogênicos são encontrados no parabeno (usado para conservação de produtos), bifenóis (usados como resina, selante dentários, forro interno dos enlatados), organóides (desinfetantes). Especula-se que o contato frequente com essas substâncias geram tanto um desbalanço da flora intestinal como da sinalização hormonal para os centros da fome e saciedade, levando a uma alteração metabólica no “set point” do indivíduo e favorecendo o ganho de peso. 

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A modificação de estilo de vida, baseada numa dieta saudável e equilibrada, pouco industrializada e processada, uma atividade física regular, boas horas de sono, diminuição ou controle do stress e diminuição do uso de medicamentos que estimulam o apetite, continuam sendo a base fundamental do sucesso do tratamento a curto e a longo prazo. 

Qual dieta é a melhor? 

Uma triste constatação: as pessoas respondem de forma diferente a uma mesma alimentação. Portanto, uns podem ter melhores resultados com um tipo de alimentação, enquanto para outros não surtem o mesmo efeito para perder peso. A dieta certa é a que encaixa melhor com o indivíduo e seu estilo de vida, obedecendo obviamente algumas orientações básicas. 

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Outro ponto muito debatido foi o estímulo ao café da manhã e a valorização dessa primeira refeição. Evidências suportam a teoria de que as pessoas que costumam fazer seu desjejum têm menor compulsão no fim do dia e maior disposição para atividade física; mas até essa afirmativa não é uma verdade universal para todos. 

(Re)ganho de peso

Além da dificuldade para se perder peso, outro grande desafio continua sendo “manter a perda de peso”. Mecanismos compensatórios fisiológicos, muitas vezes, interpretam mal essa perda de peso do indivíduo e tentam voltar ao estágio inicial (reganho), por meio de mudanças hormonais que induzem o aumento do apetite e redução da termogênese. 

Seja por modificações no estilo de vida, uso de medicamentos ou mesmo cirurgia bariátrica, o reganho de peso é uma constante preocupação, o que faz da obesidade uma doença crônica que necessita que o paciente mantenha a disciplina e o controle permanente. Por esse motivo, dietas restritivas ou mudanças na rotina diária que não possam ser sustentadas por longo prazo, costumam não funcionar.

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Medicamentos

Como citado no início do artigo, poucas são as novidades terapêuticas até o presente momento. As drogas agonistas GLP-1 (que mimetizam a ação desse hormônio produzido pelas células intestinais) e que agem aumentando a saciedade, diminuindo o apetite e ajudando na perda de peso, são desde 2011 as medicações mais atuais. Pesquisas vêm aprimorando maior praticidade de aplicação e consumo, visto que até o momento só existem como injeções subcutâneas. 

Em conclusão, ainda estamos longe de uma solução definitiva para obesidade, continua imprescindível que o indivíduo que está ganhando peso se reorganize nos seus hábitos diários e use se necessário, alguma medicação para ajudá-lo nesse processo. A cirurgia bariátrica também tem seu papel de relevância nos casos de obesidade mórbida (IMC > 35kg/m2) ou insucesso no tratamento clínico.

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Claudia Cozer Kalil

 

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