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O impacto financeiro dos novos tratamentos do câncer

Os novos tratamentos contra câncer trazem resultados animadores, porém, alto impacto financeiro. O que fazer?

Por Paulo M. Hoff
Atualizado em 5 Maio 2017, 12h00 - Publicado em 5 Maio 2017, 12h00

Pirro foi um grande general grego, rei do Épiro e da Macedônia, que invadiu o sul da Itália e derrotou os romanos. No entanto, seus exércitos sofreram tantas perdas que, ao ser parabenizado, respondeu que outra vitória como aquela seria seu fim.

Nos últimos anos, testemunhamos o renascimento da imunoterapia como tratamento do câncer. Novos conhecimentos sobre o controle de nossas defesas naturais e dos mecanismos utilizados pelos tumores para suplantá-las permitiram o desenvolvimento de tratamentos inovadores que têm se demonstrado extremamente ativos. Já temos comprovação de benefício em melanomas, tumores de pulmão e rins. A lista de potenciais alvos cresce diariamente.

O alto custo dos novos tratamentos

Na última semana, resultados animadores foram apresentados contra tumores de estômago, fígado, entre outros. Embora este sucesso deva ser comemorado por todos, não podemos deixar de sentir uma angústia crescente frente ao grande problema destes tratamentos: seu impacto financeiro. Terapias deste tipo podem facilmente chegar a centenas de milhares de reais por ano. A medida que as indicações aumentam, maior o impacto nas fontes pagadoras, privadas ou públicas. O que fazer?

O preço de um medicamento é muito difícil de se calcular. Depende dos investimentos em pesquisa, custo de produção, tempo de patente, impostos e expectativa de mercado. Afinal, as indústrias farmacêuticas são empreendimentos privados, que fazem grandes investimentos de altíssimo risco no desenvolvimento de novos produtos. Auferirem lucro é, portanto, justo. No entanto, um número maior de indicações, e portanto pacientes, candidatos ao mesmo tratamento deveria ser levado em consideração na precificação.

Custo versus benefícios

Hoje em dia, o custo destes tratamentos mais novos está sendo um ponto de difícil solução para seu uso em uma grande população de pacientes. Isso não afeta só o Brasil, mas outros países com economia mais desenvolvida que a nossa. Exatamente diante desse impasse, que é de suma importância, que nossos sistemas de regulação de pesquisa sejam aprimorados, modernizados, acompanhando tudo de novo que a ciência traz constantemente.

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Isso acontecendo, mais pacientes terão a chance de participar de estudos clínicos com essas novas e promissoras medicações. Além disso, é uma maneira de estimular as indústrias farmacêuticas brasileiras a entrarem na luta contra a doença.

Limitações

A imunoterapia também apresenta limitações importantes a serem consideradas. Não se trata de um produto milagroso, e nem todos os pacientes com um determinado câncer responderão ao tratamento. Em certas situações, o benefício é mínimo e não justifica seu uso. Portanto, grandes esforços devem ser feitos para a identificação mais acurada possível dos pacientes que efetivamente podem se beneficiar deste tipo de terapia, poupando os que não responderiam do custo e dos efeitos colaterais.

Cabe a nós, médicos, também a obrigação de educar os pacientes e familiares sobre as limitações do tratamento e, evitarmos assim, a indicação sem uma base científica. Um tratamento com este custo tem que ser muito bem indicado.

Após suas vitórias desastrosas, Pirro soube como retirar-se de volta para a Grécia e terminou seus dias ainda como Rei. Da mesma forma, acredito que nossa sociedade tem o conhecimento e a maturidade para enfrentar o desafio que estas novas conquistas trazem ao nosso sofrido sistema de saúde, permitindo que todos os brasileiros possam se beneficiar dos avanços da medicina.

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(Ricardo Matsukawa/VEJA.com)

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