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Muito além de descascar alimentos…

A obesidade é uma doença multifatorial que implica em uma avaliação complexa de aspectos genéticos, metabólicos, ambientais, culturais e políticos

Por Mauro Fisberg
Atualizado em 22 mar 2017, 12h00 - Publicado em 22 mar 2017, 12h00

Recentemente, nota de um de nosso ministério da saúde tentava indicar que a culpa da obesidade é a saída da mulher para o mercado do trabalho, determinando que, se houvesse mais tempo para ensinar a descascar alimentos do que a abrir embalagens, haveria menos obesidade. Apesar de não haver engano na afirmativa de que há um excessivo consumo de alimentos mais práticos e industrializados, da comida fora de casa, em detrimento do natural, a coisa não é tão simples.

Doença multifatorial

A obesidade hoje é considerada uma doença multifatorial, de difícil entendimento e que implica em avaliação muito mais complexa, com aspectos genéticos, metabólicos, ambientais, culturais e políticos. Nem mesmo sabemos se trata-se de uma mesma doença. Assim, o excesso de peso de uma criança nos primeiros meses de vida tem aspectos totalmente diferentes da obesidade de uma mulher adquirida após gestações sequenciais com excessivo ganho de peso durante a gravidez. Da mesma forma, um adolescente obeso, que é sedentário e come de forma excessiva, não é igual metabólica e fisiologicamente falando de um atleta que se lesiona, abandona o esporte e fica obeso, depois de anos de restrições alimentares e intensa atividade física, que deixam de ser realizadas.

A obesidade, hoje, não é possível de ser examinada sem contemplar todas as variantes do indivíduo, da família, da sociedade e do meio em que vivemos. Para a prevenção, devemos trabalhar desde antes do nascimento, com adequado controle pré-natal, impedindo o ganho de peso inadequado, um trabalho de parto que favoreça o parto natural, aleitamento materno exclusivo e prolongado e introdução correta de alimentos complementares.

A alimentação correta, com equilíbrio, com todas as refeições realizadas, e, se possível, compartilhadas com a família, é apenas uma parte da equação. De outro lado, temos a necessidade de aumentar o gasto energético, combatendo o sedentarismo, incentivando a prática da atividade física rotineira. A participação da família é essencial nestes aspectos, com apoio e presença, estabelecimento de limites pertinentes, saber dizer ‘não’ quando necessário, e dando o exemplo, antes de tudo.

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Diagóstico precoce

O diagnóstico precoce do ganho de peso na infância é importantíssimo para não termos que posteriormente tratar casos mais complicados. Assim, o pediatra é figura determinante para esta condição. O tratamento da obesidade, hoje, não fica apenas na reeducação alimentar e no aumento da atividade física.

Não há como negar que o diagnóstico e tratamento de doenças associadas e que aparecem cada vez mais precocemente, deve ser iniciado rapidamente. Problemas como pressão alta, alterações das gorduras (colesterol e triglicérides), o aumento da resistência insulínica e, o que chamamos de, síndrome metabólica (conjunto de achados ligados ao excesso de peso e suas complicações), devem ser tratados inclusive com medicamentos, quando necessários. Discute-se hoje, inclusive, terapias mais radicais como a indicação de cirurgias bariátricas para adolescentes com obesidade mórbida ou muito grave.

Portanto, apenas o uso de frutas ou alimentos menos industrializados não é a solução. Determinar que a culpa do excesso de peso da criança é da mulher que sai de casa para trabalhar é um insulto ao papel múltiplo da mãe de hoje. A obesidade deve ser tratada com políticas adequadas de saúde pública e o reconhecimento de sua condição como doença e não com discursos políticos que nada resolvem…

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