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Covid-19 e o coração de atletas e esportistas

Quando tratamos de esportistas e atletas que contraíram o vírus, pelo alto grau da prática, uma das preocupações é o risco de lesões cardíacas

Por Eduardo Rauen
Atualizado em 16 abr 2021, 19h48 - Publicado em 16 abr 2021, 15h21

Surgem muitas dúvidas quando falamos sobre atletas que contraíram Covid-19; algumas resultam da ideia equivocada de que o bom estado de saúde proporcionado pela prática esportiva poderia ser impeditivo de se contaminar pela doença. Primeiro precisamos destacar que as únicas formas de prevenção são o distanciamento, uso de máscara e álcool para higienização, além, é claro, da vacina.

Ter uma alimentação equilibrada, estar com bom estado nutricional e os níveis adequados de vitamina, junto com a prática de atividade física, não previne a contaminação pelo vírus, mas ajuda a reduzir a chance de se tornar um quadro grave. Um paciente saudável tem uma resposta imune melhor, mas a incidência é igual, por exemplo, para quem é atleta e quem não é.

Como esses bons hábitos garantem uma melhor resposta imunológica, são cuidados que, como nutrólogo, sempre recomendo aos meus pacientes: estarem na sua melhor forma física para garantir uma boa resposta do sistema imune. É o que melhor podemos fazer nesse momento de pandemia, junto com a devida prevenção.

No caso do esportista, se por um lado ele tem uma condição física melhor para ajudar o organismo a reagir, por outro há uma gravidade, quando falamos de atletas profissionais que estão com excesso de jogos ou treinos, como às vezes ocorre, por exemplo, com jogadores de futebol. Essa situação excessiva, quando há muitos treinos e competições sem descanso nem tempo de recuperação do organismo, pode baixar a imunidade. Com o sistema debilitado, o que seria uma vantagem imunológica transforma-se em um problema com piora na resposta a várias doenças.

LEIA TAMBÉM: Cuidados para voltar ao esporte após se curar da Covid-19

É bastante comum vermos, após uma sequência intensa de treinos e provas, maratonistas ficarem gripados ou com herpes, por uma baixa imune devido ao excesso de exercícios. Por isso, especialmente nesta fase, deve-se ter um cuidado muito grande para que o atleta não entre em overtraining.

A situação exige também atenção especial aos esportistas que tiveram a doença. Sabemos que entre as complicações provocadas pela Covid-19, algumas inclusive que permanecem como sequelas, estão os riscos consequentes do comprometimento cardíaco. Devido ao fato de os estudos nessa área ainda serem incipientes, é preciso dar maior atenção à abrangência dos riscos e às implicações a curto, médio e longo prazo no retorno das atividades físicas. Quando tratamos de esportistas e atletas que contraíram o vírus, pelo alto grau da prática, uma das preocupações é o risco de lesões cardíacas.

Para esclarecer sobre as necessidades específicas desse público foi emitido o Posicionamento sobre avaliação pré-participação cardiológica após a Covid-19 – Orientações para retorno à prática de exercícios e esportes. O documento foi produzido pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SMEE), o Grupo de Estudos de Cardiologia do Esporte (GECESP), o Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular (DERC) E a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

A avaliação para pacientes da Covid-19 abrange determinações que levam em conta as particularidades dos impactos de cada atividade, considerando esportistas recreativos, competitivos e atletas. Inclui anamnese, exame físico e EGG para todos e, dependendo dos casos individuais, exames complementares. As recomendações também devem levar em conta o quadro clínico, se foi leve, moderado ou grave. Tendo por base essas informações, o Posicionamento traz fluxogramas com abordagem indicada a cada circunstância.

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Em casos graves em que houve uma lesão, uma miocardite com alteração cardíaca, será necessário fazer mais exames e esperar um tempo maior para o retorno aos exercícios. Tomando como exemplo um atleta competitivo, que teve um quadro grave da doença, precisará fazer um eletrocardiograma de 12 derivações, dosar as troponinas e depois realizar ecocardiograma, teste de exercício e ressonância magnética. Se os resultados estiverem normais, o paciente poderá ter um retorno gradual à atividade física após ficar 14 dias assintomático. Essa volta precisará de monitoramento dos sintomas e reavaliação médica após 30 dias, com eletrocardiograma.

Há, ainda, muito desconhecimento sobre as consequências dessa doença, sobretudo a médio e longo prazo, o que demandará avaliações periódicas para avaliar as condições de retorno aos esportes competitivos de alta intensidade. Para todos os níveis de prática e independentemente da gravidade dos casos, todos atletas e esportistas devem seguir as recomendações da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte para garantir um retorno seguro às suas atividades.

 

Eduardo Rauen
(VEJA/VEJA)
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