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Cirurgia Bariátrica e Metabólica: perda de peso ou “ganho de vida”?

O impacto do procedimento médico na saúde do organismo como um todo é tremendo

Por Ricardo Cohen
13 nov 2020, 12h31

Quando bem indicada, a cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz e seguro para promover perda de peso significante e duradoura. Já as cirurgias metabólicas são intervenções sobre o tubo digestivo que têm como objetivo principal o controle do diabetes tipo 2, e a perda de peso é um efeito colateral desejado e importante.

A obesidade e o diabetes são doenças crônicas e progressivas que são no Brasil e no mundo, responsáveis por mais de 70% das mortes, principalmente de causas cardiovasculares, como infartos e derrames. Inquestionavelmente, as pandemias do século são o diabetes e a obesidade. Quando estas doenças se encontram com pandemias virais, como o H1N1 e COVID-19, elas são as principais causas da forma grave e óbitos pelas viroses.

No final de setembro deste ano, um estudo demonstrou que naqueles pacientes submetidos a cirurgias bariátricas/metabólicas, o estado inflamatório e a imunidade melhoram precocemente e acentuadamente, diminuindo o risco das formas graves de COVID-19. Esses efeitos são independentes do índice de massa corpórea (IMC) de base e da quantidade de peso perdido, e sim secundários à intervenção cirúrgica.

E será que a cirurgia pode prevenir complicações e mortes por doenças cardíacas? Existem 32 estudos populacionais, com milhares de pacientes, que demonstraram que quando comparado ao tratamento clínico da obesidade e diabetes, as cirurgias bariátricas/metabólicas diminuem consideravelmente os eventos cardiovasculares e mortes a longo prazo.

Recentemente, investigadores norte-americanos demonstraram que o risco de mortalidade começou a cair em torno de 5% de perda de peso após a cirurgia bariátrica/metabólica e 20% de perda de peso não-cirúrgica. Além disso, o efeito da cirurgia ainda estava presente após contabilizar a perda de peso, o que sugere a presença de efeitos benéficos independentes do peso após as cirurgias nos eventos adversos cardiovasculares e na sobrevida. E tudo isso independentemente do IMC inicial.

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Em 14 de outubro, mais uma evidência contundente que aponta “ganho de vida” foi publicada no New England Journal of Medicine. Um estudo sueco, que comparou pacientes submetidos a cirurgias bariátricas/metabólicas versus aqueles tratados clinicamente, após 24 anos de acompanhamento, comprovou que os operados têm 30% menor risco de morte cardiovascular quando comparados com aqueles sem cirurgia. Além disso, aqueles que foram tratados cirurgicamente, tiveram 13% menos morte por câncer. Resultados que impressionam, já que o grupo operado ganhou mais de 3 anos de sobrevida com qualidade, em relação `aqueles seguidos sem cirurgia.

No Brasil, ainda existe um afunilamento para o acesso à cirurgia bariátrica /metabólica, limitando os benefícios para aqueles que têm indicação para operar. O sistema de saúde suplementar, regido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) possui uma lista mínima de procedimentos que os planos de saúde devem obrigatoriamente oferecer aos 47 milhões de consumidores beneficiários de planos de assistência médica em todo o Brasil. A cirurgia para o diabetes não controlado em pacientes com obesidade foi proposta para incorporação. O parecer preliminar da ANS foi negativo, mas existe chance de reverter a recomendação e mostrar a importância do procedimento para os pacientes.

Uma das etapas mais importantes para a tomada de decisão se dá por meio da opinião da população, que pode se manifestar em consulta pública (https://www.ans.gov.br/participacao-da-sociedade/consultas-e-participacoes-publicas/consulta-publica-n-81-atualizacao-do-rol-de-procedimentos-e-eventos-em-saude-ciclo-2019-2020/consulta-publica-n-81-contribuicao-para-recomendacoes-relacionadas-as-propostas-de-procedimentos). Acesso ao melhor tratamento é fundamental. A cirurgia metabólica é a última alternativa para pacientes com diabetes tipo 2 antes de desfechos como amputações, cegueira, diálise, infarto, derrame e morte. Temos evidências fortes de que as cirurgias bariátricas/metabólicas são tratamentos de “ganho de vida” e todos que delas necessitam, merecem o acesso.

(./.)
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