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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Negros em Davos: o Brasil chegou primeiro

As empresas podem – e devem – ajudar a mudar o mundo

Por José Vicente 28 jan 2021, 14h51

Nem Floyd nos seus mais estonteantes devaneios poderia imaginar que a vida simples e com poucas alternativas dada pelos céus trazia embutida um propósito tão grandioso e avassalador. Muito menos imaginaria que, para torná-lo realidade, precisaria primeiramente morrer e, assim, elevar a régua e alinhar um novo paradigma politico e social na compreensão, solidariedade e compromissos para superar a desigualização e a violência produzida pela raça e pela cor da pele; pelo racismo.

A força e a energia gerada pela simbologia da sua triste injusta e lamentável morte que têm percorrido, impactado e produzido intervenções e mudanças importantes nos mais variados ambientes públicos e privados do mundo – e do Brasil – chegou ao mais prestigiado, qualificado e poderoso ambiente econômico do planeta. Agora, junto com a compreensão de que é necessário um novo contrato social focado na dignidade humana e na justiça social e que promova concomitantemente o progresso da sociedade e desenvolvimento econômico, foi integrada a indispensabilidade de tratar e superar os males do racismo e da discriminação.

Com essas justificativas que integraram o foco central das discussões do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, o racismo estrutural e a discriminação contra os negros na economia, nas empresas e nas sociedades entram definitivamente no discurso e, quem sabe, definitivamente na agenda e na prática da elite econômica mundial e sua cadeia de interação. Como bem definiu e formalizou sua nota oficial, é imprescindível que as empresas reconheçam que, para haver ambientes de trabalho racialmente justos, é indispensável enfrentar – e combater – o racismo sistêmico, desde a mecânica estrutural e social de suas próprias organizações – o “viés inconsciente” – até o papel que desempenham nas comunidades em que operam e na economia em geral. Tudo isso sob, obrigatoriamente, a batuta do seu Presidente.

Por isso, o lançamento da coalizão de 48 empresas para combater a discriminação contra os negros no mercado de trabalho, ampliar suas presença nas empresas e conscientizar o alto escalão sobre o valor da diversidade, anunciada e lançada no prestigiado Fórum é um importante avanço que precisa ser registrado, valorizado, enaltecido e disseminado. Por todos compromisso com esses valores civilizatórios.

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Apesar dos méritos e da grandiosidade da ação digna de aplauso, Davos chega atrasado. No Brasil, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial congrega muito mais empresas e alcança seis anos de vida. Juntas essas corporações ao longo dessa convivência já criaram novas práticas, instituíram mudanças, aprimoraram processos e procedimentos e substituíram condutas e atitudes ultrapassadas por posturas inovadoras e transformativas. Constituíram um importante espírito de corpo e despertaram em seus presidentes um papel ativo e altivo de liderança na diversidade. É do Brasil e resultado da cocriação dessas empresas o pioneiro, inédito e histórico IIRE – Índice de Igualdade Racial Empresarial, do mundo. É do Brasil o primeiro programa de trainees exclusivos para negros do mundo construído em muitas mãos e inaugurado pelo Magazine Luiza, um dos maios atuantes e inspiradores membros da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.

Todavia, e mais importante que pioneirismos, o importante é transformar e ampliar essa fabulosa janela de oportunidades, e, definitivamente, consolidar o combate ao racismo e a grandeza da diversidade como um valor social inegociável e um valor empresarial imprescindível para o negócio e para a ação comunitária empresarial na sociedade e na sua cadeia de relacionamento. As empresas podem – e devem – ajudar a mudar o mundo: o Fórum Econômico Mundial está indicando caminhos. Floyd já fez soberbamente sua parte.

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