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Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004.
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Caso Magalu: sigam os líderes

A razão e a aprovação venceram

Por José Vicente Atualizado em 18 nov 2020, 19h56 - Publicado em 25 set 2020, 13h36

O programa de trainees para jovens negros, do Magazine Luiza, aflorou paixões e gerou calorosos debates nas redes físicas e virtuais, acerca da legalidade, constitucionalidade e mesmo da sua oportunidade. Juízes, procuradores, políticos, executivos, empresários e mídia, dentre outros ambientes, debateram, confrontaram, condenaram e aplaudiram uma ação empresarial pioneira que produziu um choque tectônico no ambiente corporativo e colocou novamente na mesa a superada, mais ainda, apaixonante discussão da existência e da violência do racismo contra negros, e dos caminhos e remédios, alguns deles amargos, para sua superação.

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A razão e a aprovação venceram. Primeiro, porque a discussão quente permitiu escancarar na mesa o fosso racial que envolve e separam negros e brancos nos postos gerenciais e executivos do ambiente corporativo. Não existe um presidente negro nas 2000 maiores empresas do Brasil que promovem a responsabilidade e sustentabilidade empresarial. Segundo pesquisa Ethos/2016 representando 54% dos brasileiros, os homens negros são 4,0 e as mulheres 0,4 dos quadros executivos. Os jovens negros são 6,3% dos trainees. A pesquisa Insper/2020 aponta que os negros com formação superior recebem até 160% a menos que os colegas brancos. A pesquisa Data Zumbi/2020, por seu turno, aponta que 64% dos negros foram vitimas de racismo na sua vida profissional e 54,1% apontam que a não presença de negros nos postos superiores das empresas deve-se ao racismo, preconceito e discriminação racial.

Depois, o Ministério Público Federal do Trabalho que tem competência legal no tema rechaçou todas as representações com a imputação do crime de “racismo reverso”, e ainda emitiu nota técnica considerando o programa como ação legítima, legal e totalmente consentânea como os fundamentos e pressupostos constitucionais. E que, além de recepcioná-las e compreendê-las como importantes e necessárias ações afirmativas com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades, no ambiente empresarial, ele mesmo comunicou que tem estimulado e exigido ações dessa natureza, inclusive, através de draconianos termos de ajustamento de conduta, onde as empresas se comprometem, com metas, cronogramas e postura ativa no combate ao “viés inconsciente” e na promoção da inclusão, oportunização e valorização da diversidade racial empresarial.

E, principalmente, porque, de maneira inédita e histórica, no Brasil, e talvez no mundo, 73 das maiores e mais expressivas empresas e instituições do país saíram publicamente em sua defesa em anúncio de página inteira da Folha de S.Paulo, destacando e enfatizando que, além de inovador, o programa de trainees para negros cumpre o objetivo de combater o estado de apartheid racial corporativo nos postos gerenciais e executivos das empresas nacionais e multinacionais do país, além de constituir num gesto de apreço e consideração aos negros brasileiros, e um esforço republicano de fortalecimento da democracia, de combate as desigualdades e, sobretudo de valorização da dignidade humana.

As empresas, todas elas componentes da Iniciativa Empresarial Pela Igualdade Racial, da qual a Magalu faz parte, publicitaram ainda, no manifesto, o desejo e compromisso de quererem construir e respirar num país em que todos tenham iguais oportunidades, independentemente da raça ou cor da pele.

Ao final, a maioria dos brasileiros e empresas aplaudiu a nova medida.

Nasceu, assim, o novo paradigma para a igualdade racial corporativa no Brasil. Além de estimular e apimentar o debate nacional, a Magalu e seus demais parceiros da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial que estão construindo esse novo normal elevaram a régua que irá pautar e desafiar todo ambiente corporativo, seu ecossistema e sua cadeia de valor. Está criada, igualmente, uma nova janela de oportunidades criativas que irá liderar transformar e consolidar a diversidade racial em mais competição mercadológica e em importante e valioso ativo e diferencial competitivo, negocial, reputacional e legal. Totalmente alinhado com o novo tempo civilizatório dessa complexa e imbricada questão nacional. Sintomaticamente, e em perfeita sintonia temporal, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, anunciou a criação de 30% de vagas para negros nos postos de estágios de todo o sistema de Justiça.

Sintomaticamente e também em perfeita sintonia com os novos tempos, a ações da Magalu subiram 2,7 na bolsa.

Não tenha dúvidas, o caso Magalu determina e recomenda: sigam os líderes.

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