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Informação e análise
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Para CPI, Queiroga é um novo Pazuello: Bolsonaro manda, ele obedece

Entre Pazuello e Queiroga, permaneceu imutável a ascendência de Bolsonaro e seus conselheiros privados na política da Saúde contra a Covid-19

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 set 2021, 08h00

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, deverá ser convocado pela terceira vez para depor na CPI da Pandemia. Senadores querem entender porque ele criou enorme confusão com governadores e prefeitos, na semana passada, ao suspender vacinas para adolescentes.

No começo, insinuou ter sido uma “sugestão” de Jair Bolsonaro, a partir de conselhos de pessoas não identificadas. Em seguida, desmentiu-se e atribuiu a decisão a razões médico-científicas — logo desmentidas pela comunidade médica e acadêmica. Finalmente, indicou “problemas” de logística e de distribuição do próprio ministério.

No Senado, observa-se que quase nada mudou no Ministério da Saúde desde a saída do general Eduardo Pazuello, cuja gestão resultou no descontrole da disseminação da Covid-19.

Quando Pazuello assumiu, em junho do ano passado, contavam-se 50 mil pessoas mortas pelo vírus. Ao sair, em março deste ano, eram 300 mil mortos.

Queiroga estava em Nova York, ontem, quando foi ultrapassada marca de 591 mil vítimas — 291 mil a mais do que se registrava há seis meses, quando entrou no ministério.

Entre Pazuello e Queiroga, notam integrantes da CPI, permaneceu imutável a ascendência de Bolsonaro e seus conselheiros privados na política da Saúde contra a Covid-19. Ou seja, não importa a Ciência — como definiu o general, quando ainda era ministro “é simples: um manda, outro obedece”.

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Queiroga, cardiologista de formação, é um médico em jaleco político. Em março, na sucessão de Pazuello, estava na lista dos patrocinados por líderes do Centrão para a diretoria da agência estatal que regula a tabela de preços das empresas de planos de saúde. Entrou no gabinete de Bolsonaro indicado ao cargo de diretor da ANS e saiu como ministro da Saúde.

Nos últimos seis meses, transformou o plano de vacinação, que avança apesar das ineficiências gerenciais, numa base de conflitos constantes com governadores, principalmente os que integram a oposição ou são potenciais adversários de Bolsonaro na eleição de 2022. Tem discutido um projeto eleitoral na Paraíba, com aval de Bolsonaro.

Se candidatou a alvo da CPI ao demonstrar resistência em entregar documentos requisitados sobre compras de vacinas.

Depois de três meses de obstrução, os senadores precisaram recorrer ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso a parte da documentação sobre a negociação da vacina indiana Covaxin.

O negócio de R$ 1,6 bilhão no Ministério da Saúde tinha corretagem privada nacional e um produto inexistente, mas contratado a preço 1.000% maior do que havia sido anunciado na Índia, seis meses antes, pela própria fabricante. Interrompido pela intervenção da CPI, o contrato foi anulado pelo ministério. O STF autorizou apreensão de registros na empresa intermediária, Precisa, mas não permitiu buscas na sede da Saúde.

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A comissão reuniu uma coletânea de documentos sobre a atuação de Queiroga na pandemia, antes e depois de se tornar ministro.

Um deles, de setembro do ano passado, confirma a opção do governo pela ineficaz cloroquina e seus derivados em vez de vacina, como fundamento da política da Saúde na pandemia.

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(Reprodução/ CPI da Pandemia/VEJA)

O ministério, sob a direção de Pazuello, instruiu profissionais do Sistema Único de Saúde a adotar o “manuseio medicamentoso precoce”. E, para crianças, orientou a prescrição de hidroxicloroquina, com prioridade, “pelo risco de toxicidade da cloroquina”.

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(Reprodução/ CPI da Pandemia/VEJA)

Entre as fontes citadas para legitimar o “tratamento” com medicamentos sem eficácia científica comprovada, o ministério relacionou uma “diretriz” da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre telemedicina. Era assinada por Marcelo Queiroga, em parceria com outros dois médicos. Na época, ele presidia a entidade. Seis meses depois, Queiroga virou ministro da Saúde.

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