Clã Bolsonaro se acerta com Valdemar e governo vai virar base do Centrão
Tratada como inevitável, migração para o PL formaliza o governo como base do Centrão, com Valdemar Costa Neto em destaque no manejo do Orçamento de 2022
O clã Bolsonaro jogou a toalha, e já trata como inevitável a migração para o Partido Liberal de Valdemar Costa Neto.
Um dos líderes do Centrão advertiu Jair Bolsonaro e filhos parlamentares sobre o ponto sem retorno a que chegaram nas negociações com Costa Neto.
Mencionou os riscos implícitos numa eventual ruptura do acordo feito — autenticado na intensa “troca de mensagens” mencionada pelo chefe do partido em carta pública, dias atrás, quando anunciou o adiamento da filiação “de comum acordo”.
Lembrou que o Partido Liberal possui bancada de 43 deputados e 4 senadores e é sócio majoritário do Progressistas (PP) e do Republicanos no Centrão, o esteio parlamentar de Bolsonaro.
Para o clã Bolsonaro sobraram poucas e muito limitadas alternativas, em comparação ao PL. Ontem, um dos filhos parlamentares do presidente, o senador Flavio (Republicanos-RJ), caracterizou como fato consumado a migração partidária do presidente, familiares, ministros e parlamentares aliados.
“Uma parte do pessoal com o tempo amadurece, sabe que a eleição vai ser difícil e tem que ter partido grande, tempo de TV, capilaridade” — disse, em Dubai, ao repórter Felipe Frazão, do Estadão. Acrescentou: “Se fosse para o PP ia ser a mesma coisa, iam reclamar do Ciro [Nogueira, chefe da Casa Civil], se fosse o Republicanos a mesma coisa.”
Bolsonaro e Costa Neto se tornaram reféns deles mesmos. O presidente precisa de um partido estruturado para disputar a eleição de 2022, assim como o dono do PL não quer e não pode romper com o governo. Precisa de Bolsonaro para promover a expansão da bancada parlamentar — o plano é tentar chegar a 60 deputados.
Se e quando confirmada — porque imprevisibilidade é a característica do clã presidencial —, a migração deverá afetar o ministério, que será reformado em março na saída dos ministros-candidatos.
Na prática, a filiação de Bolsonaro ao PL formaliza o governo como base do Centrão, com Valdemar Costa Neto em destaque no manejo do Orçamento de 2022, ano de eleições gerais.