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Informação e análise
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Ciro Gomes acenou para Lula com uma lâmina

Lula, com 35 pontos à frente nas pesquisas, ajudou Ciro ao desafiá-lo num tom pessoal. O candidato do PDT viu a chance e retribuiu com um duro contra-ataque

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17 out 2021, 08h00

Ciro Gomes acenou para Lula com uma lâmina, depois de ouvir do líder do PT um comentário sobre o seu estado mental.

Lula criticara Ciro por ele ter discutido com Dilma Rousseff em rede social: “Ele foi tão banal, tão grosseiro… Às vezes eu fico pensando, como Jesus Cristo na cruz: ‘Pai, perdoe os ignorantes, eles não sabem o que fazem’. Não sei se o Ciro teve covid ou não, pra mim disseram que quem teve covid tem problema de sequela. Alguns têm problema no cérebro, de esquecimento.”

Ciro percebeu uma chance. E retrucou com vigor, num video lançado no fim de semana pelo publicitário João Santana, cuja biografia atravessa a intimidade dos quase treze anos de Lula e Dilma no poder.

Foi duro no contra-ataque: “Eu disse, de passagem numa entrevista, que vendo os fatos de trás para diante, tenho hoje a convicção de que Lula foi um dos principais responsáveis pela queda de Dilma. Disse, também, que os principais responsáveis por essa pavorosa tragédia, por esse governo pavoroso, criminoso, de Bolsonaro, foram a corrupção e a incompetência dos governos do PT. Eles nunca responderam a essa denúncia.”

“Repito: Lula, sim, foi o maior fator de desestabilização do governo de Dilma. Ele fez isso de forma às vezes consciente e de forma às vezes inconsciente. Fez isso tanto no passado remoto quanto nos momentos finais da agonia dela. Fez isso no passado remoto quando loteou o governo com os personagens mais corruptos da história do país e deixou essa herança maldita para sua sucessora.”

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Indicou episódios que deve detalhar na campanha: “Fez isso quando escolheu a dedo Michel Temer para ser vice de Dilma; quando entregou Furnas e seu caixa polpudo a Eduardo Cunha; quando entregou a Petrobras e suas subsidiárias a personagens sinistros do Centrão e do MDB. E mais dezenas e dezenas de outros casos que até hoje eles tentam apagar da memória nacional.”

Ressaltou: “Lula fez isso, muito especialmente, quando, na ânsia de impedir a reeleição de Dilma, transformou seu famoso instituto num antro de intriga e conspiração. Banqueiros, empreiteiros, magnatas da indústria, políticos e jornalistas de confiança desfilavam por lá para se deliciar com as intrigas de Lula contra sua cria. Continuou fazendo isso quando, no início do segundo governo, voltou a criticar publicamente Dilma, dando gasolina e fósforo para os que queriam incendiar o seu mandato.”

“Assinou o atestado de óbito do governo” — acrescentou — “quando nos estertores da sua presidência sugeriu que ela desse a coordenação política ao vice Michel Temer. Em suma, deu faca e queijo àquele que mais lucraria com a queda da presidente, colocou simplesmente a raposa tomando conta do galinheiro.”

Provocou a audiência: “Me diga agora você, depois de ouvir esses argumentos, eu tenho ou não razão de dizer que Lula foi um dos maiores responsáveis pela desestabilização de Dilma? Que ele ajudou a queda da sua ex-protegida por egoísmo, imprudência e uma sequência indesculpável de movimentos erráticos?”

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“Na verdade, o egocentrismo político sempre foi, e continua sendo, a característica mais marcante de Lula” — continuou. “Não é por acaso que o PT é hoje esse deserto de lideranças. Lula sabe que eu posso dizer isso porque poucos conhecem ele tão bem quanto eu. E desses que o conhecem bem, nenhum tem a minha coragem e independência de dizer o que sabe e o que pensa. Dilma, que me agrediu duramente ontem e recebeu o troco, também sabe que poucos conhecem o bastidor do seu impeachment como eu.”

“Repito que eles só reagiram violentamente contra mim, porque eu coloquei o dedo em duas feridas, duas vergonhas que eles tentam esconder: a corrupção do governo Lula e a incompetência do governo Dilma. Duas pragas que o PT semeou porque repetiu o mesmo modelo econômico, o mesmo tipo de governança, a mesma cumplicidade com os corruptos profissionais, o mesmo recrutamento de técnicos incompetentes e pouco criativos de governos anteriores. A mesma coisa, aliás, está fazendo a cria nojenta e involuntária deles, esta praga chamada bolsonarismo.”

Mostrou a lâmina como peça de campanha: “Mais importante do que analisar o passado e seus reflexos no presente, é alertar para o risco, para o nosso futuro, que seria a reincidência no erro de Lula. Com toda a cegueira, oportunismo e soberba, ele já começa a fechar acordos com estes mesmo personagens sombrios do passado. Que futuro, por acaso, ele estaria pensando para o Brasil? A reedição do mensalão, do petrolão, da rapinagem das nossas riquezas pelos abutres de sempre? Por isso, sofra o que sofrer, eu não deixarei um só minuto de combater os erros do PT e de Bolsonaro. Jamais me intimidarei com a falsa cilada que diz que combater os erros do PT é fortalecer Bolsonaro.”

Ciro Gomes está na pista, com cerca de 9% nas pesquisas (Datafolha, julho e setembro). Tenta chegar aos dois dígitos ainda neste semestre. Lula, com 35 pontos de vantagem, o ajudou ao desafiá-lo num tom pessoal. O candidato do PDT retribuiu, permitindo ao adversário um vislumbre da lâmina. E ainda falta um ano para a eleição.

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