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Informação e análise
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Bolsonaro reacende debate sobre o próprio impeachment

Presidente-candidato programa escalada de excentricidades até 7 de setembro, comandando manifestações nas ruas articuladas com paralisação de caminhoneiros

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 ago 2021, 17h30 - Publicado em 15 ago 2021, 09h00

Arrastado para a realidade de uma inflação em alta corroendo a renda dos eleitores (80% pobres), Jair Bolsonaro luta para se manter refugiado no mundo paralelo onde atravessou a primeira metade do mandato.

Se mostra incapaz de reagir de forma objetiva e inovadora ao declínio das suas perspectivas de continuidade no poder, via reeleição, atestado em cada nova pesquisa recebida no Palácio do Planalto. Prisioneiro do pandemônio de erros na primeira metade do mandato, que levaram ao descontrole da pandemia, parece empenhado em dificultar ainda mais a própria recuperação.

Programa uma escalada de excentricidades até 7 de setembro. O governo tem deixado claro que não se importa com o bicentenário da Independência, em 2022, mas Bolsonaro quer marcar este ano 199 da libertação do colonialismo lusitano comandando manifestações nas ruas das maiores cidades, a partir de São Paulo, articulada com uma paralisação incentivada de caminhoneiros.

Desvia energia governamental do problema do avanço inflacionário, persistente e disseminado, de 9,85% nos preços ao consumidor em julho, para se dedicar à organização de um protesto contra o espectro do “comunismo” nos partidos políticos, na imprensa, nos botequins, nas igrejas, no Congresso, no Judiciário — e até nas Forças Armadas, se Exército, Marinha e Aeronáutica não estiverem a serviço dele, para ele e por ele.

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É o seu plano eleitoral. Ele prevê aumentar progressivamente a intensidade de ações extravagantes, e polêmicas, como a de ontem: “Na próxima semana, levarei ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo [contra os juízes do Supremo Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes] de acordo com o art. 52 da Constituição Federal” — anunciou.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) retrucou numa advertência, com fina ironia: “Presidente vai mesmo pedir ao Senado o impeachment de ministros do STF? Quem pede pra bater no ‘Chico’, que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se esquece de que o ‘Francisco’ habita o Inciso I, do mesmo endereço.”

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(Reprodução/VEJA)

Nesse trecho (artigo nº 52) do texto constitucional está definida a competência do Senado para processar e julgar crimes de responsabilidade de algumas autoridades. Pela ordem, aparecem o presidente e o vice-presidente da República antes dos integrantes do Supremo.

Na Câmara estão estacionados mais de 120 pedidos de impeachment presidencial. Desde abril, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, já realizou em público três cerimônias de adeus ao impeachment de Bolsonaro. Mas quando se sente incomodado por esquisitices presidenciais — como a do fumacê de blindados na Esplanada, na semana passada —, Lira anuncia que seu dedo continua pressionando o “botão amarelo” do impedimento.

A imagem de Bolsonaro saindo do Planalto para levar ao Senado um pedido de processo e julgamento de dois juízes do STF seria uma peça de agitação e propaganda adequada à campanha do candidato, que se mostra refugiado num mundo virtual, distanciado, sem respostas nem tempo para problemas da realidade do eleitorado.

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Nessa moldura política, o candidato Bolsonaro realizou ontem uma nova proeza: conseguiu reacender o debate sobre o impeachment do presidente, coisa com que a oposição já deixara de sonhar.

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