Bolsonaro deveria “redescobrir” o Amazonas
Nos últimos seis meses, o Estado enfrentou demonstrações de descaso. Governo federal agiu mais rápido na promoção da Copa do que no socorro aos amazonenses
Jair Bolsonaro deveria “redescobrir” o Amazonas no mapa do Brasil. Ali vivem 2% dos brasileiros, abrigados numa área florestal maior que a soma dos territórios da França, Espanha, Suécia e Grécia.
Nos últimos seis meses, enfrentou sucessivas demonstrações de descaso governamental.
Na tragédia pandêmica do início do ano, faltou até oxigênio nas unidades de terapia intensiva enquanto o Ministério da Saúde distribuía cloroquina.
Mês passado, com o avanço da CPI da Pandemia, o presidente ameaçou atrapalhar a vida das empresas instaladas na Zona Franca de Manaus, cujo faturamento anual (cerca de R$ 180 bilhões) mantém ocupadas 100 mil pessoas na cidade e sustenta a dinâmica econômica do Estado.
Bolsonaro provocou uma revisão dos planos de investimentos na região, pelo menos até o próximo ano.
Agora, o Estado vive a anarquia na segurança pública. Manaus e seis cidades foram alvo de ataques de quadrilhas do narcotráfico, em algumas áreas aliados a policiais. Desde domingo quase não existem serviços de transporte, educação e saúde, mas o Ministério da Justiça relutou em enviar a Força Nacional.
O governo federal foi mais rápido na decisão sobre um show de futebol — a confusão da Copa América — do que no socorro aos quatro milhões de amazonenses.