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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Os apoiadores de Bolsonaro seguem se iludindo

O eleitor brasileiro médio, ao que tudo indica, parece ter uma singular vocação para o engano e a desilusão política

Por Jorge Pontes
Atualizado em 19 jul 2020, 17h08 - Publicado em 19 jul 2020, 17h02

Vemos hoje, com meridiana clareza, em grande parte dos que ainda apoiam Bolsonaro, a tendência a essa espécie de cegueira deliberada e coletiva.

Depois do presidente abandonar o discurso anticorrupção que o consolidou nas urnas de 2018 e, também, após um conjunto de atos sequenciais e sintomáticos, nos quais Bolsonaro não atuou – ou omitiu-se – na forma correta e esperada para o enfrentamento à corrupção, que culminou com o desembarque do ex-ministro Sergio Moro – fiador moral de seu governo – não há mais fundadas razões que nos autorizem a acreditar que o presidente siga firme no que prometeu nas eleições, no tocante ao combate implacável à corrupção sistêmica.

Triste é ouvir a ilusão em forma de sentença – do cada vez mais minguante grupo de seus apoiadores – como o grande trunfo de Bolsonaro, a balela: “desde que o presidente tomou posse, em janeiro de 2019, não estourou, nas manchetes, nenhum escândalo de corrupção no governo federal“.

Pois é, parecem esquecer uma lição tão vívida e recente, de que vários dos crimes do Petrolão – de falcatruas em licitações e contratos governamentais – cometidos ainda no primeiro mandato do governo Lula, isto é, no lapso de 2003 a 2006, somente vieram a ser descortinados pela Operação Lava Jato, em 2014. no último ano do governo Dilma Rousseff, quase oito anos após suas ocorrências.

Uma coisa é a certeza de não haver escândalo; outra, bem diferente, é de não haver esquemas ilícitos em gestão ou em andamento.

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Assim como – ainda – não podemos afirmar que há, não podemos, de forma alguma, acreditar piamente que esse governo nos livrou dessa hipótese, sob pena de abrirmos janelas para futuras desilusões.

Tratam a corrupção como se essa modalidade criminosa fosse praticada nas praças e nas esquinas de Brasília, à luz do dia. Encaram essa possibilidade como se os esquemas envolvidos não fossem levados a cabo fora das agendas, e como se pudessem ser assinalados em flagrante, como um furto de carteira.

Os últimos acontecimentos, com a entrada do Centrão em cena, assumindo setores governamentais com orçamentos polpudos, nos coloca em alerta vermelho para o perigo da ocorrência dessas fraudes.

E, para piorar as apostas em contrário, temos ainda as investigações de rachadinhas e lavagem de dinheiro batendo às portas da família do presidente.

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Ademais, os reveses que a Operação Lava Jato vêm enfrentando, sem precedentes nem em governos petistas, escancara que o discurso anticorrupção de Bolsonaro ficou mesmo na poeira.

Tudo indica, infelizmente, que só retomaremos, de fato e de direito, a agenda anticorrupção, que é o maior dos clamores da nossa sociedade, a partir de 2023.

Só não vê quem não quer.

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