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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Operação da PF contra Barbalho reafirma a praga do ‘filhotismo’

Investigação contra desvios na Saúde do Pará nos mostra "mais do mesmo"

Por Jorge Pontes
29 set 2020, 13h54

A operação S.O.S que a Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira, 29, nos mostra “mais do mesmo” e, principalmente, reafirma à sociedade brasileira a praga que representa o “filhotismo” para a nossa política.

Foram presos dois secretários e um assessor do governador do Pará, Helder Barbalho, com suspeitas de envolvimento em fraudes no sistema de saúde daquele estado. No total foram cumpridos 278 mandados de busca e apreensão e 76 de prisão, um deles no gabinete do próprio governador.

Uma das características estruturais do crime institucionalizado – cometido por grande parte da nossa elite (sic) política – é o envolvimento de clãs familiares, que funcionam como verdadeiras dinastias, dominando por décadas a administração pública de municípios, estados e até mesmo o próprio cenário político nacional.

E não se tratam, os casos conhecidos, de descendentes de grandes vultos seguindo os passos gloriosos de seus antepassados. Pelo contrário, são herdeiros do retrocesso. Replicam, com nova roupagem, as práticas rasteiras – e desmoralizadas – de seus ascendentes.

E aí vemos, cometidos pelos mesmos sobrenomes, fraudes em licitações, esquemas em grandes contratos de serviços e obras públicas, desvios e rachadinhas…

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Tratando a política como uma empresa ou negócio familiar, esses grupos reproduzem uma das principais características das organizações tipo máfia, que é o envolvimento de círculos étnicos – da consanguinidade – na administração das suas estruturas criminosas.

O eleitorado, nesses casos, merece igualmente ser estudado, pois age aparentemente hipnotizado por sobrenomes que, por si só – com a carga de escândalos que carregam por décadas – já deveriam ter sido efetivamente banidos da vida pública.

Esses políticos praticam, com a caneta e o diário oficial, um populismo barato que os alçam à anacrônica condição de “neo-social bandits”, como definiria Eric Hobsbawn, manipulando e mantendo em erro – e em currais eleitorais – dezenas de milhões de eleitores, com projetos superficialmente assistencialistas e sempre demagógicos.

Vemos, em profusão, governadores, senadores, deputados e prefeitos, enfim, caciques políticos de diversas matizes, todos com envolvimentos em escândalos de corrupção, promovendo a entrada de seus filhos – e até mulheres – na política, tudo às custas de uma notoriedade às avessas.

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E essas famiglias acabam por sequestrar e dominar regiões inteiras, por anos a fio. A perpetuação do atraso, nesses casos, tem nome e, principalmente, sobrenome.

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Não é a toa que, hoje em dia, vemos políticos com um, dois, três (talvez quatro) filhos na atividade política. É realmente impressionante como a aptidão e o pendor para a política recai em famílias inteiras…

Haja vocação!

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