O sintoma das tropas de choque
Podemos interpretar, de tempos em tempos, o seu aparecimento no cenário nacional - e o início da sua atuação - como um péssimo sintoma para o governo da vez
Parece que todo governo, quando começa a adernar e afundar, recebe o voluntário e imediato apoio de pequenos grupos de parlamentares palacianos, que o folclore político convencionou chamar de “tropa de choque”.
Vários presidentes da república, de triste e recente memória, contaram com as suas tropas de choque. São efemérides políticas cuja vida e loquacidade tem a duração e intensidade de um fósforo aceso.
Trata-se, invariavelmente, de gente aloprada, que não pensa duas vezes antes de se imolar publicamente defendendo as mais indefensáveis teses e posturas políticas. E, quanto maior é o abismo que se abre aos pés do governante, maior é o desespero e a veemência das declarações e arroubos dessas tropas.
Podemos interpretar, de tempos em tempos, o seu aparecimento no cenário nacional – e o início da sua atuação – como um péssimo sintoma para o governo da vez.
Se há tropa de choque, há agonia.
Existe algo de insano e suicida, que é comum no perfil dos integrantes dessas tropas de choque. É uma gente sem conteúdo que, talvez, por ter se elegido tão somente no vácuo e nos votos do governante, atua como se não houvesse amanhã.
São frutos do eterno pacto da mediocridade que impera no cenário político brasileiro, onde ser baixo clero é condição necessária para ser tropa de choque.