A desonestidade intelectual e a infâmia rondam o Planalto
Por detrás das milhares de críticas veiculadas nas redes sociais, atacando a PL das fake news, não havia nenhuma que guardasse motivação de viés libertário
Enfim, ficou meridianamente esclarecido porque o planeta bolsonarista levantou-se em peso contra o projeto de lei – PL 2630/2020, conhecido como “PL das fake news”.
Por detrás das milhares de críticas veiculadas nas redes sociais, atacando a iniciativa – que de fato merece ser discutida – não havia nenhuma que guardasse motivação de viés libertário, em defesa da livre manifestação ou coisa que o valha.
O que está em jogo, para esses detratores profissionais, é a defesa de sua matéria prima vital: as fake news e as desonestidades intelectuais.
Sem a mentira, as narrativas dessas milícias digitais desvanecem e perdem a força, uma vez que seu maior adversário é a verdade.
Pois bem, nesta última quarta-feira, dia 8 de julho, o Facebook anunciou a desarticulação de uma rede de 73 contas, 14 páginas e, consequentemente, de um grupo de pessoas que atuava nas redes sociais, sob a acusação de estarem ligados a contas falsas.
Foram derrubadas, nada mais nada menos do que 35 perfis no Facebook e 38 contas no Instagram. As duas redes sociais proporcionavam enorme alcance às publicações, que chegavam a atingir 1,8 milhão de seguidores, sendo que 883 mil no Facebook e 917 mil no Instagram.
Segundo levantamentos do Laboratório Forense Digital Atlantic Council, que presta serviço para o Facebook, por detrás dessa usina de mentiras e difamação, estaria o cidadão Tércio Arnaud Tomaz, que é assessor especial do presidente Jair Bolsonaro. Tércio, segundo a perícia, também seria o administrador da página *Bolsonaro Newsss*.
Além de Tércio, foram assinalados – como ligados ao grupo – cinco assessores de parlamentares bolsonaristas, entre eles um vinculado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro.
A turma alvejada pela administração do Facebook apresentava o que se convencionou chamar de “comportamento inautêntico coordenado”, isto é, o impulsionamento artificial de mentiras e desinformação nas redes sociais.
O mais grave nessa notícia é que essas pessoas estariam, em tese, recebendo remuneração custeada pelo contribuinte para transgredir e difundir inverdades sobre adversários do governo. Nos encontramos diante do início da institucionalização da delinquência, pela vertente da injúria, calúnia e difamação.
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