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Por Coluna
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“O Menino que Queria Ser Rei”: um Arthur para a Inglaterra de hoje

Com muita graça, o diretor Joe Cornish, do cult “Ataque ao Prédio”, faz a espada Excalibur ir parar nas mãos de um garoto de 12 anos de uma escola londrina

Por Isabela Boscov 2 fev 2019, 17h10

Por baixo de cada lenda, há uma razão – e a do rei Arthur, a mais duradoura e conhecida das lendas medievais, é uma dobradinha interessante: ela se passa no século 5 ou 6, um momento em que os senhores das Ilhas Britânicas estavam em pé de guerra (como sempre) e ainda por cima enfrentavam os invasores saxões, vindos do que hoje é a Alemanha; e ela ganhou forma e força a partir do século 12, quando a Inglaterra saxônica (sim, os invasores se aclimataram muito bem) ainda estava em total estado de choque por ter sido conquistada em 1066 pelos normandos, vikings afrancesados que vieram decididos a mudar tudo ao seu gosto – tudo mesmo: a língua, a cultura, as leis, a estrutura de poder. É uma lenda, portanto, que fala de curar divisões e unir inimigos, e que ensina a fazer transições: Arthur, que se descobriu rei ao puxar de uma pedra a espada mágica Excalibur, vem da Inglaterra pagã, dividida em tribos, e a transforma na Inglaterra unida em torno de um só soberano e da fé cristã. E o que isso tem a ver com 2019? Bastante, ora: o Reino Unido está prestes a não merecer mais o seu nome, tal o racha provocado pelo Brexit – que, por sua vez, foi provocado pelo sentimento anti-imigração e anti-”invasão europeia”, digamos assim, de parte dos ingleses. E, para além das ilhas, também o resto do mundo está dividido pelas chamadas guerras culturais. Parece demais pensar em tudo isso quando o assunto é um filme infanto-juvenil? Pois o diretor Joe Cornish usa com muita graça esse pano de fundo em O Menino que Queria Ser Rei, no qual o garoto Alex, de 12 anos, típico aluno de uma escola londrina (ou seja, todo dia é massacrado por duas crianças maiores e truculentas), sem querer puxa uma espada de uma pedra e… lá vamos nós de novo. Com uma boa ajuda de Merlin (o divertidíssimo Angus Imrie na versão adolescente, e Patrick Stewart na versão terceira idade), porque sem uma boa dose de feitiço nem Arthur seria capaz de juntar tanta gente cabeça-dura em torno de uma mesa redonda.

Leia a seguir a resenha completa:


Um Passe de Mágica

Um garoto descobre ser a versão contemporânea do mítico Arthur em O Menino que Queria Ser Rei, uma aventura que compreende quão assustadora e fabulosa pode ser a infância

Alex (Louis Ashbourne Serkis) tem 12 anos mas já percebeu que adultos raramente são parte da solução dos problemas, e frequentemente constituem sua causa. Na escola (a caminho da qual, nas bancas de jornais, as manchetes anunciam que o mundo vai de mal a pior), ele e o amigo Bedders (Dean Chaumoo) enfrentam os abusos de duas crianças mais velhas. Com o rosto sangrando, Alex vai parar na sala da diretora, que aconselha resignação. Em casa, a mãe não entende que dar nome aos agressores é garantia de que eles redobrem a violência. Alex acredita que seu pai compreenderia essa regra. Não fosse o fato, claro, de ele ter dado no pé anos antes. Não existe mágica que resolva uma situação como essa. Ou existe? Quando Alex puxa uma velha espada de uma pedra numa construção abandonada, ele põe em marcha uma história antiga, e sempre nova: a de que alguma força, no universo, recompensa e também sobrecarrega os corações puros com uma missão especial.

O Menino que Queria Ser Rei
(Fox/Divulgação)

O inglês Joe Cornish lançou-se em 2011 com o cult Ataque ao Prédio, sobre uma gangue adolescente que repele uma invasão alienígena no bairro londrino de Brixton (palco de vários levantes violentos nos anos 80). Agora, em O Menino que Queria Ser Rei, ele reprisa sua alquimia original entre fantasia e realismo: Alex é o rei Arthur redivivo e, como ele, tem de unir inimigos e curar uma nação – ou um mundo, dada a globalização – em convulsão. Filho do ator Andy Serkis, Louis personifica a coragem leonina sob a doçura, e cumpre sua saga na companhia de um elenco ótimo – com destaque para o delicioso Angus Imrie como o jovem mago Merlin. Acima de tudo, Cornish reconhece a aventura terrível, excitante e misteriosa que é a infância, tão oprimida pela regência inepta dos adultos e ainda assim tão plena de esperança.

Isabela Boscov
Publicado originalmente na revista Veja em 30/01/2019
Republicado sob autorização de Abril Comunicações S.A
© Abril Comunicações S.A., 2019

Trailer

O MENINO QUE QUERIA SER REI
(The Kid Who Would Be King)
Inglaterra/Estados Unidos, 2019
Direção: Joe Cornish
Com Louis Ashbourne Serkis, Angus Imirie, Denise Gough, Dan Chaumoo, Tom Taylor, Rhianna Dorris, Mark Bonnar, Rebecca Ferguson, Patrick Stewart
Distribuição: Fox
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