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Por Coluna
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Master of None – A Segunda Temporada

Aziz Ansari prova: não existe nada mais interessante do que ser um cara legal

Por Isabela Boscov Atualizado em 13 jul 2017, 19h26 - Publicado em 13 jul 2017, 19h13

Dev Shah, o protagonista de Master of None, é o tipo de sujeito que, por exemplo, nunca jamais escreveria um comentário cínico, maldoso ou grosseiro na página de alguém. Não é que ele precise se controlar para não fazê-lo; é que nunca ocorreria a Dev ser maldoso. É um instinto que ele simplesmente não tem. Não faltam a Dev senso crítico, inteligência nem capacidade de observação – pelo contrário. Apenas sobram a ele também delicadeza, curiosidade, consideração, generosidade. Maravilhosamente interpretado por Aziz Ansari (vindo da soberba Parks & Recreation), Dev é um dos personagens mais interessantes já criados para uma série cômica, inclusive porque está crescendo e amadurecendo. Nesta segunda temporada, é notável como Dev, o homem, avançou em relação à sua persona da temporada inaugural (ambas estão disponíveis na Netflix). Começando com um episódio em homenagem ao neo-realismo italiano (Dev foi curtir uma dor-de-cotovelo e achar um rumo na vida em Modena, na Itália), e prosseguindo com episódios em que ele tenta fingir que é religioso para os parentes muçulmanos que vêm da Índia em visita (a coisa acaba em um festival de proibidíssimos sanduíches de pernil), ou em que tenta arrumar uma namorada por um aplicativo, Dev dá cabeçadas aqui e ali. E, que coisa fascinante, aprende alguma coisa sobre si com elas. Mesmo.

Master of None
(Netflix/Divulgação)

A sensação é de que Aziz aprende junto com o personagem que criou – e ela é confirmada, por exemplo, em um episódio genial em que seguem-se três histórias diferentes, que no final vão se juntar à de Dev: a do porteiro latino de um edifício, a de uma balconista surda e a de um grupo de haitianos que trabalham como motoristas de táxi. É lindo. Num outro episódio, uma amiga de Dev vem de Modena passear em Nova York com o namorado. Como ele tem vários compromissos, Dev faz companhia a Francesca (Alessandra Mastronardi). Eles andam pela cidade, jantam e vão a uma festa juntos. Tudo leve, engraçado – até que a câmera para em Dev, sentado no banco de trás do Uber, durante uns dois minutos, ao som de Say Hello, Wave Goodbye, do Soft Cell. E você desaba junto com ele, porque a cena transporta você para todas as ocasiões da vida em que sentiu que algo estava escapando irremediavelmente. É econômico, simples, limpo e tremendamente comovente.

Master of None
(Netflix/Divulgação)

Em essência, Master of None (ou “mestre em coisa nenhuma”) trata da mesma coisa que tantos filmes e séries como, por exemplo, Girls: de sair da adolescência prolongada que virou a regra da geração de Dev (ele está com 33 anos agora) e entender o que significa ser adulto. Mas corte daí, primeiro, toda a pretensão de Girls. E então pense num Woody Allen sem neurose, e some-o a um Jerry Seinfeld sem cinismo (a definição não é minha – é do marido, que também adora a série). Toda a inteligência e a agudeza continuam lá, mas dentro de uma moldura de falhas e fraquezas benignas. Pessoas meigas, decentes e bacanas não são as preferidas dos roteiristas, porque assume-se que elas rendem menos conflitos dramáticos. Aziz Ansari desmente a tese. Como criador de Master of None e como intérprete de Dev, ele se junta a atores como James Stewart e Matt Damon para reafirmar que nada é mais difícil e cheio de dilemas do que tentar ser de fato um sujeito legal. E nada também é mais atraente.

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