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“Anon”: na Netflix, um futuro sem anonimato, segredos nem privacidade

Ficção científica com Clive Owen e Amanda Seyfried acerta na trama, na ambientação e no casamento com o policial noir

Por Isabela Boscov
18 Maio 2018, 19h48

É o extremo da invasão de privacidade: cada pessoa com que o detetive Sal Friedland (Clive Owen) cruza nas ruas vem com um tag virtual de identificação – nome, idade, profissão etc. Não só Sal, por ser da polícia, vê os tags; todo cidadão exibe seu registro e também visualiza os registros de todos os demais. Fica mais aflitivo ainda: tudo que cada indivíduo vê, diz e ouve, e cada deslocamento seu, gera um arquivo permanente que é adicionado a um histórico incancelável. Não existe anonimato, não existem segredos possíveis e portanto quase não existe crime também no futuro de Anon, uma ficção científica dirigida por Andrew Niccol, produzida pela Netflix e disponível na plataforma desde o início de maio. Por isso Sal entra em alerta quando passa, na calçada, por uma moça cujo tag diz apenas “desconhecida”. O detetive acabou de ser chamado a uma estranha cena de crime, que gerou um arquivo mais estranho ainda: o ponto de vista do assassinado foi trocado pelo do assassino. O histórico do morto foi hackeado, claro. Mas quem teria realizado um trabalho tão sofisticado, tão bem-feito, tão proibido – e o que ele está ocultando? Quando um segundo crime nesses mesmos moldes é cometido, Sal é arrastado para uma investigação complexa e para uma vacilante cumplicidade com a garota sem registro (Amanda Seyfried).

Anon
(Netflix/Divulgação)

Desde o início da carreira, o neozelandês Andrew Niccol se especializou nessas visões distópicas do futuro próximo: uma tirania dividida em castas genéticas em Gattaca, um reality show cujo astro não sabe que sua vida é de mentira em O Show de Truman (esse, só como roteirista), uma mulher perfeita que ninguém desconfia ser virtual em Simone, um mundo em que o tempo de vida tem de ser comprado com trabalho em O Preço do Amanhã, um grupo que resiste a ter suas memórias deletadas por invasores de corpos alienígenas em A Hospedeira. Se as premissas de Niccol – sempre seu próprio roteirista – em geral são muito boas, sua realização tende a falhar em algum aspecto fundamental: o tom de farsa que cai mal em Simone, por exemplo, ou as tramas românticas que atravancam Gattaca e O Preço do Amanhã. (Curiosamente, os dois filmes que formam a exceção a essa regra da distopia são seus melhores: O Senhor das Armas e Good Kill – Máxima Precisão pegam o lado surreal da realidade presente e tiram dele ótimo proveito).

Anon
(Netflix/Divulgação)

Na seara da ficção científica, assim, Anon é de longe o trabalho mais bem executado de Niccol até aqui. Embora não fuja a certos clichês do gênero (como a inevitável correção de cor puxada para o azul), Anon casa com harmonia sua visão opressiva do futuro ao estilo dos policiais hard-boiled clássicos. Também usa com esperteza locações reais para transformá-las num cenário fictício, maneja muito bem a lógica da sua proposição central (embora às vezes não seja fácil de acompanhar) e acha um par afinado em Clive Owen e Amanda Seyfried. Melhor ainda: desta vez Niccol consegue resistir ao hábito de pegar desvios e se concentra de fato no tema. Pela primeira vez, perturba na medida que sempre quis.

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Trailer

ANON
Alemanha, 2018
Direção: Andrew Niccol
Com Clive Owen, Amanda Seyfried, Colm Feore, Sebastian Pigott, Sonya Walger

 

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